... que as faculdades deveriam incorporar ao seu ensino para formar os líderes do Séc. XXIAs faculdades no Brasil (faculdades essas de quaisquer áreas do conhecimento) buscam muitas vezes diferenciar-se pela oferta de serviços laterais que, em diversas situações, estão pouco ou nada, relacionadas à sua atividade fim. Dessa forma, e na percepção do mercado “WI-FI de qualidade”, “uma intensa vida social” ou “vagas de estacionamento” acabam sendo elementos diferenciadores em um universo onde os cursos e as comunicações desses programas se assemelham de forma assombrosa. A transmissão do conhecimento dá-se hegemonicamente e é sistematizada em cursos superiores, tal qual a promoção desses programas ao mercado. Quando não enxergam diferenciais concretos os futuros alunos tendem a se sensibilizar por esses supostos diferenciais periféricos ou pela conveniência de promissoras condições financeiras ou de uma localização mais favorável. Ao aceitar essa perspectiva – que existe uma tendência a “equiparação” da oferta nesse segmento - os gestores precisam extrapolar sua visão sobre o objetivo de seus cursos e, com empatia, “calçar os sapatos de seus clientes” e enxergar o mundo por meio de seus olhos respondendo a pergunta: “o que aspiram meus alunos?”. E a resposta que salta para quem analisa pesquisas “sócio educacionais” é: “tornar-se um profissional de sucesso”. Os alunos a revelia de terem se matriculado em Pedagogia, Direito ou Engenharia desejam tornar-se futuros, Professores de sucesso, Advogados de sucesso ou Engenheiros bem sucedidos em suas carreiras. Sob essa ótica, as instituições vêm atendendo a parte do desejo de seu alunado formando profissionais com notas mais ou menos altas no ENADE, mas deixando a responsabilidade sobre questão “bem sucedidos” estritamente subordinada ao “conhecimento” que agregam na passagem desses pela sua graduação. Não temos a pretensão de responder o que “é o sucesso” nesse artigo. Temos, contudo, o anseio de criar algumas reflexões sobre o tema. Sabe-se que a relevância no mercado de trabalho atualmente é decorrente não apenas de informações técnicas (essas originadas nas salas de aula da educação superior), mas de um conjunto que os profissionais de Recursos Humanos vêm nomeando como CHA (acrônimo de Conhecimentos[1], Habilidades e Atitudes). Ao ponto de – em uma recente pesquisa de mercado realizada em uma capital do nordeste e conduzida por mim – com esses gestores de Recursos Humanos (especificamente da área de recrutamento e seleção) dos 100 maiores contribuintes do ICMS e ISS, as questões atitudinais terem se destacado entre os respondentes. Resposta à questão: “Se sua empresa desejasse hoje contratar algum colaborador, independente do cargo, e fosse necessário escolher a CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE a serem observadas no candidato a esta vaga, que características seriam estas?”. Outras 19 características somaram 28,8% das respostas (com 1,58% de respondentes cada)[2] . Nesse contexto cabe inferir se as instituições estão levando para o mercado de trabalho egressos capacitados nessas dimensões por meio de formação e sensibilizações sobre esses temas. Algumas dessas atitudes apareceram – concomitantemente a pesquisa – em um recente trabalho desenvolvido pelo respeitado portal de recrutamento Career Builder, que analisou uma amostra de 2.138 gestores de Recursos Humanos nos Estados Unidos. Segundo 77% dos entrevistados, essas características (que no management em inglês são chamadas de “soft skills”) são tão importantes quanto o conhecimento técnico aprendido para executar uma determinada profissão (16% consideraram as “soft skills” mais importantes que a capacidade técnica). Dez “soft skills” mais valorizadas por recrutadores dos Estados Unidos Formar-se dominando o conjunto de conhecimentos necessário para a profissão, muitas vezes chancelado por notas elevadíssimas emitidas por faculdades bem avaliadas, em todas as disciplinas, cada vez diz menos para aqueles que contratam de maneira profissionalizada. Conhecimento faz parte do universo da teoria e, muitas vezes, existe apenas na mente do profissional. É o pré-requisito, mas um elemento apenas no mosaico de competências que são, e serão cada vez mais, demandadas. E é unânime que existe um abismo entre as dinâmicas corporativas e o que é ensinado na sala de aula tradicional. Bons profissionais são aqueles que entregam desempenho e para entregarem desempenho precisam calçar-se de competências. Muitas passíveis de serem treinadas e apreendidas nas instituições de ensino superior. [1] Outras características de personalidade apontadas na pesquisa por gestores de recrutamento e seleção foram: Auto Controle, Liderança, Boa Postura, Carisma Simpatia, Tranquilidade, Lidar com pessoas/público, Facilidade de Aprender, Dinâmico, Formação/Competência, Responsável, Criativo, Colaborativo, Sincero, Caráter, Estratégia, Porte físico , Lealdade, Poder de Persuasão e “Depende da posição”. [2] À construção do conhecimento cabe uma ressalva. Dezenas de pesquisas apontam que o domínio do Inglês, de um lado e no curto prazo, e de linguagens de programação, no médio prazo, serão grandes diferenciadores em processos de contratação em, virtualmente, todas as profissões. E, ainda hoje, nenhuma instituição na educação superior no Brasil agrega esses temas de forma contundente e eficaz a currículos não relacionados, obviamente, as áreas de Letras e Tecnologia. [3] http://www.careerbuilder.com/share/aboutus/pressreleasesdetail.aspx?sd=4/10/2014&id=pr817&ed=12/31/2014