Valmor Bolan
Doutor em Sociologia
Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá
Representa o Ensino Superior Particular na Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos do MEC
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O governo brasileiro anunciou mais cortes no Orçamento de 2015, por conta do ajuste fiscal, totalizando 69,9 bilhões de reais. Todos os ministérios foram afetados, inclusive o da Educação. Vários programas sociais também foram atingidos, menos o Bolsa-Família. Mas o Minha Casa Minha Vida não receberá o que havia sido previsto para esse ano, perdendo quase seis bilhões de investimentos. Foram 21,4 bilhões de reais de cortes nas emendas parlamentares, e muito mais. Não apenas a Educação, mas a Saúde também perdeu 11,7 bilhões de reais. É o maior aperto nas contas em todo o governo das gestões do PT, em nível federal. Projetos de infraestrutura foram priorizados, principalmente os que estão sendo concluídos. O fato é que o povo sentirá no bolso os cortes feitos, o que evidencia a gravidade da crise econômica, já anunciada pelos opositores ainda durante a campanha eleitoral do ano passado. É evidente que muita coisa foi maquiada para garantir a reeleição da presidente, mas agora começamos a sentir os efeitos de uma crise que não é reflexo da crise internacional, como alguns governistas tentam justificar, mas também da gestão do próprio governo, que precisou principalmente manter o clientelismo para garantir mais um mandato.
O que chamou a atenção nos cortes feitos é que tanto a Educação, quando a Saúde foram atingidos, o que não se esperava, tendo em vista os compromissos sociais do governo, assumidos em campanha. Estados e Municípios sofrerão os efeitos do ajuste fiscal, que certamente implicarão no resultado das eleições municipais do próximo ano. Ainda no discurso de posse do segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff chegou a dizer que o lema do seu segundo governo seria "Brasil Pátria Educadora". Foi o que afirmou: “Estamos dizendo que a educação será a prioridade das prioridades, mas também que devemos buscar em todas as ações do governo um sentido formador, uma prática cidadã”. Mas não foi o que mostrou com os cortes feitos no ajuste fiscal.
Educação e saúde não poderiam ser penalizadas, ainda mais por quem se diz governar para os mais pobres, com justiça social. Não há como valorizar a educação sem garantir os investimentos que se fazem necessária, por isso é preocupante a situação. Cada dia vamos percebendo o quanto aumenta a violência e a degradação moral, a banalização da vida, o descaso para com a ética e a corrosão dos valores. O governo precisa estar atento a tudo isso, e dar respostas mais efetivas diante das demandas existentes. Para que a "pátria cidadã" seja uma realidade, é preciso que haja mais do que palavras de boas intenções, mas ações concretas, pois só assim será possível o desenvolvimento.




