Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente A gente muda o mundo na mudança da mente E quando a mente muda a gente anda pra frente. (Gabriel, o Pensador)Escrevemos recentemente neste blog que o empreendedorismo, apesar de muito badalado, é pouco expressivo no ensino superior e que a realidade diverge bastante do que é divulgado. Não há programas efetivos que exercitem os estudantes a aplicar o que aprenderam nas salas de aula. Atualmente, vêm ocorrendo mudanças nas demandas sociais, econômicas e culturais que transformam a cada instante a realidade empresarial e o mercado de trabalho, obrigando os países a repensar completamente seus sistemas educacionais para vencer o desafio de preparar profissionais para um novo contexto. Todos falam em diretrizes curriculares e em avaliação, mas poucos se preocupam com a aprendizagem dos alunos e com o uso das competências porventura adquiridas. Conhecer o processo empresarial é de fundamental importância na formação do jovem, que, em geral, tem professores, na sua expressiva maioria, acadêmicos e pouco práticos. Resultado: as universidades formam todo ano profissionais despreparados para a realidade do mercado. Somente com uma mudança estrutural e cultural, o atual sistema universitário, hoje distante das necessidades das empresas, terá condições de se adaptar à nova realidade. As instituições não estão aptas a priorizar a empregabilidade e o empreendedorismo nos projetos curriculares dos cursos. Há aulas que poderiam ser aproveitadas com efetividade pelas atividades complementares, propiciando aos estudantes uma visão mais ampla e abrangente não só dos cursos que fazem, tais como Administração, Contabilidade, Marketing, Direito, Economia, como também das matérias de utilidade prática em qualquer atividade e/ou fase da vida profissional. Não se consegue dar algo consistente, porque o tempo é pouco e a preocupação do aluno fica centrada no que “vai cair na prova”. O aluno acaba por se formar no cadinho da decoreba em busca exclusivamente do diploma que não é, e nem nunca foi, passaporte para o emprego. A política acadêmica não acompanha o mercado, não forma profissionais competitivos, e as empresas não investem em programas de estágios e trainees. De acordo com o "Estudo Global sobre a força de trabalho – 2014", realizado pela Towers Watson, 40% dos 32 mil empregados entrevistados estão plenamente engajados, comprometidos com o alto desempenho das empresas, e dispostos a dedicar maior esforço pessoal para que os objetivos previstos sejam alcançados. Já 26% se revelaram decepcionados ou não engajados e disseram que pretendem deixar as empresas em que trabalham nos próximos dois anos. As empresas deveriam buscar compreender seus funcionários, da mesma forma com a qual procuram entender seus clientes. Existe um descompasso entre o esforço que os empregados estão dispostos a fazer e a eficácia das empresas no direcionamento de recursos visando ao engajamento da força de trabalho. A realidade é que existem mudanças extraordinárias em todos os cenários a indicar – aonde elas ainda não chegaram, ou não foram incorporadas – que elas precisam ser assimiladas com urgência, seja na universidade, na família ou no trabalho. A geração Y[1] já está pedindo chances. O “aluno-ponte” (adaptação do termo “jovem-ponte”[2], que surgiu em um projeto realizado pela Agência Box1824 chamado “Sonho Brasileiro”) quer descer de “cima do muro” para participar e efetivamente exercer seu papel. O “Sonho Brasileiro” é uma ação de responsabilidade social que envolve pesquisa sobre os sonhos da nova geração de jovens brasileiros entre 18 e 24 anos com o objetivo de conectá-los visando ao compartilhamento de suas ideias. Desses jovens, que representam 25 milhões de pessoas, cerca de 8% é constituída de “jovens-ponte”, capazes de criar “microrrevoluções” em suas ruas, universidades, bairros, cidades, de ser agentes de mudança, catalisadores de ideias e realizadores de sonhos e transformações sociais. O futuro é agora, ao menos para o Brasil. A cada década, uma nova geração de jovens ávidos por mudanças tem a oportunidade de imprimir sua marca nos rumos do país. Apesar do atual quadro econômico nacional – reflexo também de uma crise em escala mundial –, houve nos últimos anos um massivo crescimento econômico, e a sociedade e a cultura brasileiras têm conquistado respeito e admiração internacional. Isso pode ser comprovado por matérias em publicações estrangeiras sobre os mais distintos assuntos ligados à nossa identidade multiétnica. O reflexo dessa transformação, de acordo com a pesquisa “O Sonho Brasileiro”, pode ser percebido na mentalidade da juventude, que por meio de pequenas ações coletivas está empreendendo “microrrevoluções” cotidianas. O portal de tendências WGSN publicou, complementarmente, no início de abril, parte dos resultados apresentados por Carla Albertuni, diretora de inovação da “Box 1824”, no festival SXSW. Esses resultados podem ser vistos no vídeo “Sonho Brasileiro – Manifesto” e trazem inúmeras constatações sobre a “juventude-ponte”. Segundo o estudo, 76% dos jovens mencionados, acreditam que o Brasil está mudando para melhor, assim como 89% deles têm orgulho de sua nacionalidade. O argumento em que se baseia a transformação é o da “hiperconexão”. A geração que nasceu entre o final da década de 1970 e o começo dos anos 1990 é a primeira 100% globalizada – a vida real dificilmente se desvincula hoje da virtual. Apesar de não apresentar os pontos negativos dessa relação quase simbiótica entre homem e máquina, o estudo atesta que um número incontável de iniciativas surge por meio do compartilhamento de ideias possibilitado pela rede: “[…] a hiperconexão leva o jovem a acreditar no poder realizador de um novo tipo de pensamento coletivo, onde pensar no outro não exclui pensar em si mesmo”. Dos entrevistados pela “Box 1824”, 50% afirmam se sentir mais ligados a raciocínios coletivos. Essa noção de coletividade origina toda uma nova interação social, onde um cidadão comum se sente capaz de empreender as mudanças em sua comunidade. A força motriz dessa mudança na mentalidade da “geração-ponte” é, além da “hiperconexão”, a possibilidade de sonhar grande, mas em conexão com a realidade. Entre os jovens brasileiros na faixa de 18 e 24, se concentram em 8% (cerca de dois milhões) as “cabeças” que lideram a transformação, mesmo que de forma silenciosa, e por isso são nomeados pelo estudo de “jovem-ponte”. Ao agir como um catalisador de ideias, esse “jovem-ponte” influencia mais pessoas e até instituições, possibilitando um diálogo entre mundos aparentemente paralelos. Deixamos então alguns questionamentos: O sistema universitário está pronto e preparado para compreender esses novos conceitos? O corpo docente está disposto a deixar a sua “zona de conforto” para buscar entendê-los? Os dirigentes compartilham do desafio de vislumbrar o que desejam os jovens e de apoiar a elaboração de projetos institucionais e de cursos para atender às suas aspirações e sonhos? [1] Geração Y, é a geração das pessoas que nasceram após os anos 80, são as pessoas conhecidas também por serem chamadas de geração do milênio ou geração da Internet, que surgiu exatamente por essa época. Geração de jovens nascidos entre o fim da década de 1970 e a metade da década de 1990. Ela também faz parte da cultura Yuppie, que representa uma grande parte da geração Y. http://www.significados.com.br/geracao-y/ [2] Pessoas com pensamento coletivo e poder realizador.