Maria Carmen Tavares Christóvão
Mestre em Gestão da Inovação e Gestora Educacional
Consultora em Inovação Educacional da Revista Linha Direta
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Na Economia do Conhecimento com a reconfiguração dos interesses econômicos, impactos da globalização, rápidas mudanças tecnológicas a capacidade de inovar continuamente deve estar no centro das estratégias do negócio se tornando um desafio complexo para instituições de ensino formais e não formais, dos mais variados segmentos e nichos de atuação.
A capacidade de inovação está diretamente relacionada à qualidade dos vínculos que a instituição de ensino estabelece com as fontes externas de produção do conhecimento. O fenômeno da inovação aberta é um impulso alavancador de tais práticas na atualidade. Conceituado como um processo colaborativo de atividades de pesquisa não vinculado apenas ao ambiente interno da empresa, mas com forte olhar externo e cooperação com outros segmentos sociais e organizações, esse aspecto da inovação tem por objetivo promover valor agregado na busca por soluções. Em organizações brasileiras essa prática é incipiente e em instituições de ensino é quase inexistente.
Portanto, gestores de inovação inseridos em ambientes educacionais devem buscar estratégias para aproveitar esse leque de oportunidades se atentando de que as boas ideias não se dão através de lampejos criativos através de indivíduos isolados. Há toda uma cadeia muito bem arquitetada para fomentar soluções em novos ambientes de inovação onde estão inseridos acadêmicos, empresários, pesquisadores entre outros.
No cenário brasileiro existem iniciativas interessantes no setor público, pois geralmente estão amparadas pelas agências de fomento e sistemas de inovação. No setor privado os esforços se vinculam na forma de oferta dos serviços, aprimoramento tecnológico, construção de cursos e programas mais atrativos, metodologias mais ativas, oportunidades de internacionalização entre outras iniciativas que não colocam a inovação como ponto crucial de estudo dentro do espaço de gestão. Mesmo as Faculdades e Centros Universitários de menor porte poderiam propiciar o diálogo na prestação de serviços haja vista que possuem capital intelectual e estruturas como Empresa Júnior, Laboratórios, Núcleos de Empreendedorismo o que facilita a realização de parcerias.
Com métodos sistemáticos é possível criar inovação no segmento educacional. Uma experiência interessante em que pude atuar recentemente foi o mapeamento de oferta tecnológica realizada em determinada região do Brasil. Os gestores governamentais não conhecem em sua totalidade o que existe e onde há oferta tecnológica em seus municípios. O documento ao que denominamos inventário de oferta tecnológica foi construído por uma IES. Foram levantados os laboratórios existentes na região, quais as pesquisas desenvolvidas nas indústrias com o objetivo de disseminar a informação entre os parceiros e fomentar negócios. O que significou dizer à empresa “A” que produz um determinado tipo de produto que a IES “B” presta serviços na mesma área e, portanto, ela não precisa contratar o serviço em outra região.
O diálogo entre o tripé universidade, gestão e setor produtivo precisa existir através da organização de conselhos universitários que proponham um calendário de pautas e reuniões periódicos para dialogar com a sociedade.
Os fatos confirmam que instituições de ensino são atores sociais importantes para acompanhar, interagir, discutir inovação, trabalhar fortemente com os arranjos produtivo locais, clusters industriais e discutir política setorial. Tenho assistido a iniciativas com projetos estruturantes entre os setores gerando laboratórios estratégicos no desenvolvimento de inovação no país. Esse movimento dinâmico é o que pode de fato manter viva as instituições de ensino no contexto da competitividade.




