Meditação para a aprendizagem: orientações básicas

Espaço destinado à atualização periódica de tecnologias nacionais e internacionais que podem impactar o segmento educacional e, portanto, subsidiar gestores das instituições de ensino para que sejam capazes de agir proativamente olhando para essas tendências.

07/12/2021 | 3079

Meditação para a aprendizagem: orientações básicas

Por Ronaldo Mota*

Enquanto espécie, o homo sapiens deixa registros de práticas explícitas de meditação, nas mais variadas culturas, há mais de cinco mil anos. Contemporaneamente, não há conflitos entre meditação e o mundo das tecnologias digitais. Pelo contrário, essa prática tem se mostrado essencial em situações do cotidiano, tal como no combate ao stress e à ansiedade decorrentes da exposição excessiva ao ambiente virtual. 

Lembremos que, especialmente nesta etapa da pandemia, marcas expressivas de pós-trauma estão ou estarão presentes em todos os ambientes educacionais, demandando múltiplas abordagens tentando propiciar ambientes os mais saudáveis possíveis no retorno às atividades escolares. 

A complexa arte da meditação propriamente dita demanda abordagens que não são objeto deste texto, tampouco são de competência deste autor. A prática meditativa aqui proposta trata unicamente de explorar um de seus aspectos e de caráter puramente funcional. Ou seja, enquanto instrumento simples para colaborar na preparação das mentes dos educandos (e dos educadores) para a aprendizagem nos momentos que antecedem as aulas.

Cabe destacar também que esta proposta não se confunde com a estratégia mais ampla de atenção total (“mindfulness”), a qual é especialmente voltada a despertar a consciência do praticamente, totalmente focada no presente, acerca de seu próprio estado mental. 

Ainda que modesta em pretensões, a adoção da prática meditativa por um breve período (em torno de cinco minutos) antecedendo as aulas pode ter consequências pedagógicas positivas e surpreendentes. Estabelecidos os limites não pretensiosos da prática aqui proposta, não existem regras ou receitas prontas e acabadas. O ponto inicial indispensável é a compreensão e concordância do contexto escolar (docentes, alunos e gestores) de que é possível estabelecer um clima mental mais apropriado para receber novas informações e sobre elas refletir de tal forma a ampliar a aprendizagem do conteúdo, seja ele qual for. 

A adoção desta estratégia guarda uma correspondência com os elementos metacognitivos, ou seja, a ênfase em ampliar a consciência do educando acerca de sua própria aprendizagem. Tal abordagem prepara o futuro profissional ou cidadão para ir além do domínio simples do conteúdo e dos procedimentos e técnicas a ele associados. Desta forma, é possível capacitá-los para, a partir do estímulo ao aprender a aprender continuamente, estarem preparados à aprendizagem permanente ao longo de toda a vida. 

Nossas mentes são naturalmente habitadas por pensamentos, receios, planos, memórias etc.  É preciso uma indução e aceitação para provocar uma interrupção nesse fluxo. Portanto, a parte mais delicada, complexa e desafiadora desta iniciativa é convencer os alunos (às vezes, também os professores e gestores) em efetivamente participarem de forma ativa e consciente deste processo.

Aconselha-se aos alunos sentarem-se confortavelmente (o que é da natureza da sala de aula, seja ela presencial ou virtual). Recomenda-se manter a coluna o mais vertical possível, favorecendo um ciclo respiratório consciente e eficiente. Esta orientação é somente o marco zero de um processo sem limites, permitindo em um segundo momento explorar inúmeras outras sugestões e detalhamentos, as quais dependem de sugestões específicas dos professores, dos gestores e do contexto escolar. 

O fato é que pelo exercício do silêncio nesse curto período, concentrando-se na respiração, é possível despertar nos educandos a conexão a um estado mental mais propício à aprendizagem, livrando-os, ao menos parcialmente, de outras distrações e, às vezes, angústias.

Em situações mais difíceis (nem tão incomuns), alguns alunos podem achar a tarefa de permanecerem em silêncio muito difícil. Nesses casos, é sugerido solicitar aos estudantes que simplesmente coloquem a cabeça sobre a mesa, fechem os olhos e, se possível, descansem. 

Mesmo que nem todos os professores possam aderir à iniciativa (fundamental ser atividade voluntária aos docentes), à medida que alguns educadores adotam é bastante comum os demais, incialmente refratários, gradativamente irem também incorporando. 

O docente, enquanto gestor do processo meditativo deve ser aconselhado a praticar exercícios similares antes de introduzir o processo para os alunos. A experiência de praticar antes, certamente, ajudará o professor a criar empatia com seus estudantes, viabilizando antecipar possíveis dificuldades, colaborando em encontrar soluções a partir de sua própria experiência.

Neste texto são apresentados elementos muito preliminares de um tema extremamente complexo, mas há que se iniciar de algum ponto. Portanto, são essas as orientações básicas para testarmos o quanto a adoção de estratégias simples pode ter um profundo impacto na aprendizagem subsequente.

 

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*Ronaldo Mota é Diretor acadêmico do IPD/ITuring e diretor científico da Digital Pages

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Carmen Tavares

Gestora educacional e de inovação com 28 anos de experiência em instituições de diversos portes e regiões, com considerável bagagem na construção de políticas para cooperação intersetorial, planejamento e gestão no ensino privado tanto na modalidade presencial quanto EAD. Atuou também como executiva em Educação Corporativa e gestora em instituições do Terceiro Setor. É mestre em Gestão da Inovação pela FEI/SP, com área de pesquisa em Capacidades Organizacionais, Sustentabilidade e Marketing. Pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e graduada em Pedagogia pela UEMG.

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