Por Carmen Tavares*
O panorama do ensino superior no Brasil revela desafios crescentes, especialmente no segmento de educação a distância. A concorrência intensa tem levado as instituições de ensino a lidarem com uma oferta excessiva de vagas, resultando em uma dinâmica de promoções constantes que dificultam a sustentabilidade financeira das organizações de menor porte. Esse cenário reflete uma expansão acelerada que ultrapassa a capacidade de absorção da demanda estudantil, tornando a captação de novos alunos um fator crítico para a manutenção das atividades acadêmicas. É o que se observa no gráfico acima do documento da Itaú BBA, Companies que se encontra na íntegra na página da Pro Innovare Consultoria Educacional.
A crescente disponibilidade de cursos nessa modalidade tem gerado uma estrutura de mercado que se assemelha ao setor de varejo, onde a ampliação da oferta e a proliferação de unidades não garantem, necessariamente, um crescimento proporcional do número de matriculados. Esse contexto exige das instituições a adoção de estratégias comerciais mais agressivas, comprometendo margens financeiras e desafiando a permanência de organizações que não possuem a mesma capacidade de investimento das grandes corporações do setor.
A expansão do ensino superior, impulsionada por flexibilizações regulatórias e avanços tecnológicos, resultou em uma corrida pela captação de estudantes, intensificando a disputa em um ambiente que, em algumas regiões, apresenta sinais de estagnação. O aumento do número de unidades de ensino não tem sido acompanhado pelo crescimento correspondente da demanda, o que reforça a pressão sobre as instituições para se diferenciarem e permanecerem competitivas.
O atual cenário impõe desafios significativos para a viabilidade econômica do setor. Com a oferta expandindo de maneira desproporcional à demanda, a rentabilidade das instituições é impactada, demandando soluções inovadoras para manter a sustentabilidade. Além disso, fatores macroeconômicos, como a inflação e a diminuição do poder aquisitivo da população, agravam a situação, refletindo diretamente na capacidade das instituições de manterem seus modelos de negócio viáveis.
A análise do comportamento dos preços indica que, enquanto o custo de vida segue uma tendência de alta moderada, as mensalidades acadêmicas apresentam oscilações, refletindo a pressão competitiva e a necessidade de reajustes constantes por parte das instituições. A digitalização e a ampliação da oferta acadêmica trouxeram novas possibilidades, mas também impuseram desafios estruturais que exigem adaptações estratégicas para garantir a continuidade das operações.
Diante desse contexto, o futuro do ensino superior no país depende de iniciativas que possibilitem um equilíbrio entre oferta e demanda, além da implementação de estratégias voltadas à melhoria da qualidade acadêmica e da experiência dos estudantes. Somente com um reposicionamento adequado e inovações que tragam valor agregado à formação acadêmica as instituições conseguirão atravessar esse período de desafios e consolidar um modelo de negócio sustentável a longo prazo.
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*Maria Carmen Tavares Christóvão é Mestre em Gestão da Inovação com área de pesquisa em Inovação Educacional. Diretora da Pro Innovare Consultoria de Inovação atuou como Reitora, Pró Reitora e Diretora de Instituições de Ensino de diversos portes e regiões no Brasil. www.proinnovare.com.br