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Prof. Dr. Valmor Bolan *
“Pelas informações que vamos recebendo através da imprensa, percebemos que realmente a crise do sistema financeiro internacional é mesmo gravíssima, talvez a mais grave depois do crack da Bolsa de Nova York, em 1929.
Fala-se já em recessão na Europa, e em muitos países emergentes, apesar da vitalidade do Brasil, temem-se as conseqüências da crise em nosso meio. O momento é de cautela. É certo que hoje temos mais instrumentos de controle da crise, do que em 1929, mas certamente estamos diante de um quadro mundial imprevisível.
Mesmo assim, temos que reagir positivamente, a partir do conceito de crise como oportunidade, e não como desespero. Com criatividade e bom senso, podemos cada um de nós diante da realidade cotidiana, buscar procedimentos que visem soluções. Nesse sentido, cabe somarmos esforços para primeiramente não nos deixarmos contaminar pelo negativismo, e continuar trabalhando com prudência e sabedoria.
O fato é que o sistema capitalista, nesta fase agressiva da globalização, de alta competitividade, comete um equívoco em permitir a gula do capital especulativo, em detrimento do capital produtivo.
Isso quer dizer que dos tantos trilhões de dólares diários que circulam no planeta, mais da metade é capital especulativo, isto é, riqueza acumulada que não é fruto do trabalho humano, mas da pura especulação – ou pior que isso – da exploração de terceiros.
Muitas vezes, os poderes públicos também são coniventes com esta lógica, pois poderíamos ter leis mais rigorosas no sentido de proteger a sociedade da gula especulativa. Para isso, é preciso ampliar a conscientização de uma ética que reconheça o valor do trabalho humano e a sua primazia sobre o capital, pois mais importante que o capital deve ser a pessoa humana, e a sua promoção.
A crise atual, portanto, deve servir como oportunidade de reflexão e ação, especialmente no sentido de encontrarmos mecanismos mais eficazes que permitam o controle do mercado, numa globalização altamente permissiva. O próprio megainvestidor Georges Soros tem afirmando, tantas vezes, que o mercado precisa ser controlado, pois ele é amoral”.
Até aqui é o que escrevi em 2009. E 2010, como poderá ser?
O Brasil parece ter passado relativamente bem pela crise econômica mundial de 2010. A China saiu-se ainda bem melhor. Teve um crescimento de 9%. O Brasil deve empatar seu PIB em zero a zero. Há uma unanimidade das lideranças políticas e econômicas nacionais de que poderemos crescer até 6% em 2010. Será? Ou mais uma vez poder-se-á afirmar que “toda unanimidade é burra”, nas palavras de Nelson Rodrigues? Tomara que este ano político não venha frustrar o nosso otimismo.
*Valmor Bolan, Reitor do UNIA, é Doutor em Sociologia.
Diretor da Escola Superior de Administração Educacional
e de Relações Institucionais da Anhanguera Educacional.




