Valmor Bolan
Doutor em Sociologia
Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá
Representa o Ensino Superior Particular na Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos do MEC
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A Revista Veja fez matéria recente falando sobre os desafios do pontificado do papa Francisco, as suas batalhas contra os próprios católicos que não aceitam o seu estilo e pensamento. O fato é que com o papa Francisco a Igreja está mais aberta a dialogar com as outras culturas, no sentido de evitar um engessamento, que inviabilize a própria evangelização.
Desde o começo do pontificado, o papa argentino vem recebendo críticas dos setores mais conservadores e tradicionalistas, alguns mais radicais o chamam de antipapa, outros até questionam a legitimidade de sua eleição. Por ser o primeiro papa jesuíta, o primeiro latino-americano e defensor dos pobres, Jorge Mário Bergoglio vem procurando fazer uma revolução dentro da Igreja, para atualizá-la aos novos tempos, buscando novas e melhores formas de evangelização.
Ainda quando esteve no Brasil, na Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco, discursando aos bispos, falou do temor que ele tem dos chamados “restauracionistas”, que engessam formas de viver a fé, e agem muitas vezes até com dureza do coração. O papa pediu aos padres e bispos que estejam mais perto do povo, que sintam o “cheiro das ovelhas”, porque para ele interessam mais as pessoas do que discursos.
O papa quer estar mais perto das pessoas, conhecer os seus problemas, para ajuda-las no dia-a-dia. É essa a forma que ele pensa ser mais eficaz, para transmitir a mensagem cristã. Mas não apenas bispos e cardeais já o questionaram em público, com também leigos que o acusam de ser um papa herege, especialmente pelo seu pensamento exposto na exortação apostólica Amoris Laetitia.
Depois do Sínodo da Família (2014-2015), o papa Francisco convocou o Sínodo Pan-Amazônico, que será coordenado pelo cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, que poderá inclusive discutir a questão do celibato entre os padres. O papa Francisco estimula a discussão, porque é um homem preocupado com as questões do nosso tempo, que aceita conversar com outros líderes religiosos, de outras crenças para construir juntos uma sociedade melhor. As batalhas do papa Francisco, portanto, estão apenas começando.
O que ele quer é uma Igreja mais perto do povo, que faça chegar a sua mensagem ao coração de todos. É dessa disposição que certamente dará uma contribuição para que a Igreja continue sua missão evangelizadora, em meio aos tantos desafios do tempo presente.




