A Campus Party Brasil chega à sua 11ª edição consolidando-se como a maior experiência de tecnologia, inovação, criatividade e universo digital do Brasil (e um dos principais da América Latina). Entre os dias 30 janeiro e 4 de fevereiro de 2018, reuniu 12 mil pessoas acampadas (os chamados ‘campuseiros’), 870 palestrantes e cerca de 100 mil visitantes no pavilhão de exposições do Anhembi, em São Paulo.Inegavelmente, o evento a cada ano se agiganta e não foi diferente nesta edição. O maior evento de tecnologia e cultura nerd da América Latina conquistou definitivamente o gosto e interesse dos jovens, vindos de todas as partes do país para viver e compartilhar a experiência, que a cada evento elege um eixo. Desta vez foi a diversidade. Durante os cinco dias de atividades, foram geradas 900 horas de conteúdo, sendo dezenas de palestras sobre temáticas atualíssimas ofertadas por centenas de painelistas. Marcadas com a hashtag #CPBR11, o material pode ser consultado aqui. Tudo na mais perfeita ordem, pontualidades, limpeza, sem incidentes. Pelo contrário, muita confraternização entre os “campuseiros” que já se conheciam das dez oportunidades anteriores sob a máxima de “Unimos Talento. Criamos Futuro.” Iniciativas das mais variadas estavam lá representadas em estandes ou através de palestrantes e grupos de trabalho de diversas tendências de pensamento. A Open Campus, pavilhão aberto ao público (que reuniu desde famílias inteiras até os famosos cosplays, pessoas que se fantasiam de personagens da cultura pop), teve como marca principal ações voltadas para o entretenimento. Empresas de mídia e games, do setor energético, startups de todos os portes, produtoras de simuladores e drones apresentaram inovações pontuais em seus respectivos segmentos, que já estão colocando no mercado. Já no pavilhão reservado aos campuseiros, a densidade das atividades foi maior. Os jovens que contrataram o pacote de R$ 350 para ter acesso completo às palestras e aos grupos de trabalho, além do direito a uma barraca para acampar durante sete dias, utilizaram tal confinamento para colocar em movimento a chamada cultura maker, que nada mais é do que o ato produzir (material ou imaterial), baseados em princípios de compartilhamento e cooperativismo. Ali era possível observar os geeks se divertindo, é claro, mas também se reunindo para programar computadores; projetando parcerias na criação de startups; participando de grupos de discussão sobre criptomoedas e blockain; debatendo o futuro do modelo cyborg; desenvolvendo games; criando ferramentas baseadas na internet das coisas (IoT), entre outras tantas atividades. A distância entre a Campus Party Brasil e as instituições universitárias A edição deste ano reservou um espaço para o tema “a educação do futuro”, com o objetivo de refletir sobre como as transformações tecnológicas estarão impactando os futuros cenários educacionais e mercado do trabalho. Capitaneado pelo MIT Media LAb, da Massachusetts Institute of Technology, e pelo Centro Paula Souza, do governo do estado de São Paulo, o ambiente reuniu profissionais e estudantes do ensino infantil, fundamental e médio para trocar conhecimentos e conceitos de programação e robótica, a fim de estimular desde cedo uma nova forma de ensinar, projetando as carreiras do amanhã. No entanto, há de se destacar o hiato entre a vanguarda científica/tecnológica e o trabalho das instituições particulares brasileiras. Dentre dezenas de estandes montados na Open Campus, apenas um deles pertencia a uma instituição de ensino superior, com perspectiva pedagógica voltada justamente para a ‘criação de coisas’. A Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP), única instituição particular presente, destacou-se ao apresentar protótipos dos seus alunos, que são estimulados desde o primeiro semestre a criar engenhocas transformadoras. E, no caso, mostrava projeto desenvolvido por jovens para criar mecanismos que facilitem a vida das pessoas e promovam melhorias sociais Os trabalhos de conclusão de curso da FIAP também são diferentes dos padrões convencionais e fomentam o empreendedorismo. O Startup One é um programa pelo qual os alunos devem montar grupos e criar uma pequena empresa inovadora para atuar em um segmento pouco explorado, já com vistas a uma alternativa profissional aos egressos. Tendo como premissa fundamental, a cultura maker, hoje arraigada em qualquer jovem criativo. Na Campus Party foi demonstrada a cadeira de rodas acionada por ondas cerebrais, projeto apresentado pela estudante Alexandra Atolini, que está apenas no primeiro ano do curso de engenharia da computação. [embed]https://youtu.be/7MqaTeeoVew[/embed] Claro que foi possível observar a presença de palestrantes vinculados a entidades de ensino superior privadas e públicas na área restrita aos campuseiros, porém apenas como expositores individuais: reconhecidos pela iniciativa de suas pesquisas e não pela instituição de ensino superior que pertencem. Em suma, vale, portanto, uma reflexão mais analítica, porém necessária, sobre a falta de percepção das instituições de ensino superior universitário diante uma área que vai transformar as novas maneiras de ensinar e aprender, amparadas pela tecnologia, criatividade e compartilhamento.