Lioudmila Batourina
Consultora de parceria internacional da ABMES
lioudmila@abmes.org.br
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Cada vez mais nos deparamos com rankings universitários de todos os níveis, globais, regionais e nacionais. Eles consideram várias combinações para medir excelência: pesquisa, especialização, admissões, opções de estudantes, número de prêmios, internacionalização, emprego de pós-graduação, vínculo industrial, financiamento, reputação e história. Porém, dentre todos estes critérios, a pesquisa é a que mais se destaca.
Os rankings universitários são criticados em muitas frentes, por serem mais voltados para as ciências naturais; por valorizarem mais as publicações em revista de ciência da língua inglesa; enfatizar despesas com pesquisa como a principal medida de realizações científicas, ao invés de analisar a importância e impacto de descobertas científicas ou a profundidade das ideias; por não levar em conta atividades importantes da universidade que são mais difíceis de se medir como, por exemplo, a qualidade do ensino, entre outros pontos.
Vamos ser honestos, esses rankings são largamente baseados no que pode ser medido e não no que é necessariamente relevante e importante para a universidade. Eles são sensíveis a mudanças relativamente pequenas que podem alterar os resultados de classificação anual sem exigir mudanças substanciais. Além disso, eles incentivam a homogeneidade entre as instituições. Sendo assim, parece ser impossível comparar universidades públicas com particulares, universidades com faculdades ou universidades dos países ricos e com as dos países pobres.
Os rankings podem ser úteis como uma boa ferramenta para melhorias no processo interno. Por exemplo, a Escola Superior de Economia da Rússia, que a ABMES visitou em 2017, aumentou nos últimos três anos sua posição em alguns deles utilizando uma abordagem inovadora. Matemáticos foram convidados para calcular as fórmulas utilizadas nos rankings versus eventuais melhorias e, ao final, fizeram uma lista de sugestões apontando com precisão quais mudanças trarão um melhor resultado. Eles concluíram que, de acordo com seus cálculos, a universidade não precisa realizar grandes mudanças, mas determinadas ações, muitas vezes pequenas, que resultarão em sua ascensão nos ranqueamentos. Com isso, a instituição obteve dois efeitos: melhorou os processos internos e elevou suas posições em diversos rankings internacionais.
Com todas as críticas, no entanto, precisamos admitir que os rankings universitários continuarão existindo e prosperando. Eles estão em alta e parecem que vão continuar. Afinal, vivemos na era dos grandes dados. Também é notável que quando o Brasil for "contaminado" com rankings, tornará a distância entre universidades públicas e particulares ainda maior. Uma das maneiras de solucionar essa questão é criando um passo a passo para tentar aumentar a inclusão de critérios benéficos para as IES privadas.
Em um cenário ideal, para as universidades, é essencial limitar o uso de rankings como referência de excelência. Já para os governos, é necessário limitar o uso dos rankings como um dos principais critérios para a alocação de recursos. Mas vivemos em um mundo em que vivemos e o melhor jeito de entrar bem no jogo é colaborando com a criação das regras.
Outro importante experimento foi realizado há dois anos na Rússia. A Associação das Universidades Particulares da Rússia (ANVUZ), que a ABMES também visitou em 2017, criou sua própria Classificação Federal de Universidades Privadas. Para isso, a entidade utilizou recursos científicos, matemáticos e estatísticos, reitores de universidades e administradores, especialistas em classificações mundiais e envolveu também Ministério da Educação russo. Como resultado, o país obteve o primeiro ranking transparente e totalmente aberto à sociedade. Nesse sentido, a ANVUZ está disposta a compartilhar com a ABMES informações sobre metodologia e lições aprendidas durante a experiência, tudo isso dentro do memorando de cooperação assinado entre as duas entidades.
Para resumir, os rankings universitários são uma resposta à demanda por responsabilidade social, mas sua metodologia e suas ferramentas devem ser melhoradas com o objetivo de abranger mais funções universitárias e mais universidades. O que importa é a garantia de que todas as partes interessadas tenham uma compreensão e percepção do funcionamento deles. Esta foi também uma das lições importantes aprendidas com a experiência da ANVUZ.
Disponibilizo a seguir uma pequena lista de rankings mundiais que são interessantes para consulta. Esta lista provavelmente continuará crescendo, mas com uma notável falta de variação nas medidas aplicadas e consistente ênfase no desempenho da pesquisa.
- Shanghai Ranking- Academic Ranking of World Universities (ARWU)
- QS World University Rankings
- THE - Times Higher Education
- Best Global Universities Rankings - Thomson Reuters InCitesTM
- Taiwan’s Higher Education Evaluation and Accreditation Council (HEEACT)
- Russian Global University Ranking
- Moscow International Rating “Three missions of University” (2016)
- Australia’s High Impact Universities Research Performance Index
- Dutch Leiden Ranking, EU’s U-Multirank
- EU’s U-Multirank, Turkey’s University Ranking by Academic Performance
- Spain’s SCImago Institutions Rankings
- Reuters World’s Top 100 Innovative Universities
- The Nature Index
- The QS World University Rankings in Asia and Latin America




