executivos no mercado para profissionalizar sua gestão. Mas fazer um MBA não garante emprego para ninguém, assegura o headhunter Celso de Camargo Campos, diretor da Apex Executive Search, com sede em Joinville (SC). Pode, quando muito, dar uma mãozinha. "Um MBA só é determinante em casos muito específicos", diz o consultor. Para ele, a variedade da oferta é o principal entrave e contribui para uma visão crítica em relação aos profissionais egressos das especializações. "É muito fácil fazer um curso hoje e exibir um certificado. Mas quando demandados a praticar os conhecimentos adquiridos, poucos profissionais vão mostrar a qualidade que o mercado busca", sentencia Campos.
Os primeiros MBA do país, criados a partir de 1985, direcionavam seu aprendizado para questões de administração e finanças. Só que o movimento natural em direção à profissionalização, registrado com mais força nos últimos 15 anos, foi seguido de perto por uma oferta crescente de cursos de capacitação para inúmeras áreas, desde suprimento até meio ambiente, passando por comunicação e direito. Hoje, há MBA para tudo: de gestão de projetos a auditoria, de agronegócio a recursos humanos. "Resultado de uma época em que as empresas colocaram todo mundo a fazer MBA", diz Marco André Ferreira, superintendente executivo de recursos humanos do Santander Brasil.
No Santander, um MBA só é levado em consideração para efeito de contratação se tiver impacto efetivo na capacidade do indívíduo. Ou seja, se o estudante tiver ido além do simples certificado. "Fazer por fazer não agrega valor à carreira de ninguém", avança Ferreira. Mas, estando em posição de comando, o aperfeiçoamento é recomendável. Nesse caso, o Santander investe pesadamente em qualificação: as pós-graduações no Brasil (MBA incluídos) beneficiaram 170 funcionários em 2009; para estudar no exterior, o banco designou - depois de uma seleção extremamente rigorosa - oito pessoas em 2009 e prepara mais oito para o ano que vem. O funil, porém, é grande: para selecionar esses 16, o Santander eliminou outros 114 funcionários no processo de seleção.
O administrador Leandro Vieira sentiu na pele a falta de foco de boa parte dos MBA oferecidos hoje pelo mercado. Ao concluir a graduação na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Vieira ingressou no MBA do Instituto Português de Administração em Marketing. "Foi uma experiência muito rica, mas a falta de base nos conteúdos técnicos me levou a buscar apoio em um mestrado profissional", diz ele. Vieira tem certeza de que o MBA é incapaz de substituir uma graduação se o objetivo é preparar um profissional para a gestão de empresas. "Mas o networking possível de ser formado no curso é fundamental para a carreira", completa.
O problema da especialização se agravou porque a legislação liberalizante admitida para o setor, aliada à demanda por profissionais com capacitação teórica, abriu as portas para um negócio promissor: nenhum curso de especialização classificado como lato sensu no Brasil precisa de autorização legal para funcionar. Basta ser oferecido por uma instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) ou credenciada especialmente para esse fim. A única exigência é que a instituição ofereça cursos na área em que possui competência - ciências exatas, por exemplo - e que seja diretamente responsável por eles, não podendo chancelar ou validar certificados emitidos por terceiros nem delegar essa atribuição a outra entidade. Cursos a distância também são admitidos, desde que incluam provas presenciais e um trabalho de conclusão defendido pelo aluno em uma banca.
Outros dois requisitos do MEC dão conta do perfil do corpo docente e da quantidade de aulas necessárias. Pela resolução 001/2007, do Conselho Nacional de Educação, os cursos de especialização devem ter uma carga horária mínima de 360 horas e 50% dos professores precisam ser titulados como doutores ou mestres. A outra metade deve ser obrigatoriamente constituída por docentes com formação mínima de especialização. Os cursos têm de ser concluídos com a realização de uma monografia final - embora não seja difícil comprar um trabalho de conclusão, inédito e elaborado de acordo com as regras da ABNT, para a área que se desejar (veja reportagem à página 46). Os certificados, por outro lado, devem conter todo o histórico do aluno, com a lista de disciplinas cursadas, o professor ministrante e as notas obtidas para a colação de grau.
O mercado é pragmático. Segundo Alfredo Assumpção, da agência Fesa Global Recruiters, o mais importante para uma empresa é o desempenho do profissional, independentemente de ter certificados ou não. Até porque a oferta de certificados, segundo ele, cresceu cinco vezes nos últimos dez anos. "O mundo corporativo busca desempenho. Tanto isso é verdade que 60% dos CEOs listados pela revista Forbes como os melhores do mundo não têm um MBA", informa o headhunter, autor do recente Fraldas Corporativas (Saraiva, 2009) - que trata justamente da imaturidade de muitos jovens executivos para assumir funções de liderança.




