As últimas pesquisas sobre as expectativas futuras do país explicitam um sentimento de toda uma geração. Nunca foi tão alta a proporção dos “Nem-Nem”, os jovens que nem trabalham e nem estudam. Há quase uma década o país vive uma recessão que foi seguida de uma estagnação econômica e depois, pelos traumas da pandemia. A crença no futuro se tornou mais sensível para 56,3% de jovens entre 15 e 29 anos. Os dados constam do Atlas das Juventudes e de estudos da FGV Social. Na pesquisa do Gallup World Poll, a aprovação da governança no Brasil despencou de 60,6% para 12,1%, em 10 anos. A média mundial é acima dos 50%.
Mesmo considerando os avanços, os estudantes brasileiros permanecem nas últimas posições entre os participantes do exame do PISA, com dificuldades em interpretação de texto e em equações simples de matemática. Mais da metade da população acima dos 25 anos no Brasil, ainda não concluiu a educação básica. É lamentável também que apenas 8% dos estudantes optem pelo ensino técnico, frente à média de 40% nos países membros da O.C.D.E.. Em relatório de 2019, a entidade alerta: “Sem políticas públicas para a educação, alguns países terão dificuldades para que seus formandos alcancem as vagas mais qualificadas do mercado de trabalho“.
A 1ª metade do século passado marcou o boom da imigração no Brasil. Milhares de pessoas aqui chegavam fugindo das guerras, da fome e da miséria. Um país continental, com terra farta, muitas oportunidades de trabalho e economia crescente, era o sonho americano nos trópicos. Mas, nas últimas décadas, o fluxo se inverteu. Milhares de brasileiros descontentes com os rumos do país tentam uma vida melhor em países como: EUA, Japão, Portugal, Itália, Espanha, Austrália e outros. Perdemos competitividade e estamos perdendo também os jovens para o descaso, para a delinquência juvenil e as drogas. Ficamos reféns dos Lázaros e dos lazarentos.
Passados mais de 30 anos da redemocratização, o país continua demandando grandes oportunidades mas ainda enfrenta as mazelas do subdesenvolvimento. Temos 100 milhões de brasileiros sem serviço de coleta de esgoto e 35 milhões sem acesso à água potável. O tal “Custo Brasil” é impraticável e a economia oscila há décadas pela falta de planejamento, má gestão e a corrupção. Os jovens estão mais engajados e politizados. Em 2020, alcançamos o topo do crescimento demográfico (50 milhões de pessoas) na faixa de 15 até 29 anos. É uma força de trabalho emprescindível para a economia mas, quando questionados, 47% destes afirmam que se pudessem deixariam o país.
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