[caption id="attachment_218" align="alignleft" width="150" caption="Ana Tereza Pinto de Oliveira"]
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Ana Tereza Pinto de Oliveira Corre solto por aí que o aprendizado de violão, no Brasil, só é feito de "ouvido". Nada de partituras, pentagramas e quetais. Pelo menos foi assim que grandes violeiros de outrora chegaram às emissoras de rádio, e ainda hoje. Não era o que pensava o mestre Francisco de Asis Tárrega Eixea (1852-1909), importante músico espanhol que revolucionou a composição para violão. Assim como aquele aprendizado de tocar violão, a teoria pedagógica também vem sendo "aprendida" e executada de orelhada, independentemente se aplicada na base do só ter escutado falar, lido alguma coisa, presenciado alguma palestra. Há quase uma década, docentes brasileiros tanto no ensino fundamental, médio como no superior se propõem a colocar em prática o construtivismo em suas salas de aula. O construtivismo não é uma teoria, mas referencial para o docente ser levado a solucionar situações de aprendizado, é, portanto, valioso instrumento de análise educativa, muito útil para decisões relativas ao planejamento, aplicação e avaliação no ensino. Semanas atrás o festejado professor Cláudio de Moura Castro, em sua página na revista VEJA, publicou sobre o assunto um artigo interessante sob o título Construtivismo e Destrutivismo. O olho da matéria dizia: O Construtivismo é uma hipótese teórica atraente e que pode ser útil na sala de aula. Mas, nos seus desdobramentos espúrios, vira uma cruzada religiosa, claramente nefasta ao ensino. E avança no texto, com muita propriedade e certa ira, assumindo que tem a missão árdua de desmontar o construtivismo junto aos seus discípulos mais radicais, culpados de transformar uma ideia interessante numa seita fundamentalista. Seguindo, enumera quatro equívocos grosseiros e estruturais que em sua visão invalidam a aplicação do construtivismo na educação: pensar que o docente teria o monopólio da verdade; achar que todo aprendizado requer degraus mentais; aceitar uma teoria científica como verdadeira só porque é atribuída a algum guru, sem ter passado pelo teste do empirismo, o qual valida as teorias; e, por último, imaginar que cada aluno aprende de jeito próprio, por isso a necessidade de material didático infinito para adequar-se à multidão de discentes, o que obriga o professor a desenvolver material específico para cada caso. Nesse particular, deve-se destacar que essa não é tarefa para qualquer docente, uma vez que ele pode não ter formação para produzir esse material editorial e até, muitas vezes, não navegar na internet com a mesma intimidade com que o fazem os jovens. Mesmo assim o docente rejeitaria livros e manuais estandardizados, quando sabidamente estes são superiores a improvisações despreparadas e até inconvenientes, que, não raro, resultam em aulas sem conteúdo que definham ao longo do ano letivo. No entanto, com o uso da hipótese teórica do construtivismo, bem alicerçado em detrimento das improvisações e do achismo egoísta, é possível sem preocupação levar os alunos a "construir" seus (auto)conhecimentos com incrível facilidade. Das práticas docentes, talvez, seja a que mais propicia aprendizagem, tanto na dimensão individual como na social, assumindo o docente a condição de agente mediador entre a sociedade e o aluno, ou seja, a função completa da escola. Não é pouca responsabilidade, transcende a docência. Mas isso tudo não ocorre se não houver total apoio das direções, coordenações e reitorias que visem a um ensino de qualidade apropriado à geração Y, por exemplo.




