Prof. Dr. Valmor Bolan
Doutor em Sociologia. Conselheiro da OUI-IOHE (Organização Universitária Intramericana) no Brasil. Membro da Comissão Ministerial do Prouni (CONAP). Consultor da Presidência da Anhanguera Educacional
***Poucos dias depois do mundo ter ficado chocado com o atentado terrorista na Noruega, as novas explosões de violência ocorridas em Londres assustaram mais ainda e sinalizaram que o continente europeu não está indo bem. Grave crise econômica como a que afetou a Grécia e Portugal, já atingindo a Espanha e a Itália; e a violência crescente preocupam os analistas. Afinal, o que acontece com a Europa que parecia ter acertado o passo com o chamado estado do bem-estar social. Algo não vai bem. Muitos ficaram intrigados sobre como explicar que o terrorista Breivik, nórdico, branco, cristão e reside nte num dos países de maior prosperidade material, tenha agido não por distúrbio emocional, mas por razão fria e calculista, de quem sabia o que estava fazendo e tinha convicções. Tais ações explicitam que muitos não estão de acordo com o modelo social vigente.
Os distúrbios em Londres também chamaram a atenção. Não se trata agora de revoltas contra injustiças sociais. Pelo contrário. Na Europa, especialmente nos países mais desenvolvidos, chegou-se a um nível de prosperidade material sem antecedentes na história. Mas a solução encontrada, a partir do final da segunda guerra mundial, parece ter hoje se esgotado. E por quê? O que explica tal rebeldia e insatisfação? Contra o que e contra quem? O fato é que os descontentamentos e apreensões estão por toda a parte.
Há ainda um fator de grande incômodo nesta questão, que é o crescimento do islamismo na Europa, num contexto de forte secularismo, num processo cultural de ateísmo crescente. Temos, na Inglaterra, um dos grupos mais ativos do ateísmo atual, liderados por Richard Dawkins. Diante disso, os jovens ficam sem horizonte, se apegam a qualquer ideologia mais imediatista e não conseguem pensar de modo integral. Daí que apelam para qualquer coisa que dê sentido a suas vidas, a começar pelas drogas, e depois pela violência.
Temos que refletir seriamente sobre tudo isso e mais uma vez reconhecer que a crise atual é uma crise de falta do sentido de Deus, porque o que está acontecendo é que as pessoas estão se esquecendo de Deus, não têm mais o olhar e o coração para Deus, daí a angústia e o desespero manifestados no extremismo da violência. Tudo isso mostra que não basta apenas um estado do bem-estar social, mas o estado deve ser pautado por princípios éticos e valores morais. Só assim os europeus reencontrarão o essencial que permitiu durante séculos eles terem vivido uma grande civilização.




