Édson Franco
Advogado, jornalista e professor universitário – Diretor da Faculdade de Estudos Avançado do Pará
***Todos nós, por algum momento das nossas vidas, fomos alunos. Alguns estudaram em alguma escola pública ou particular. Outros, embora tenham estudado inicialmente não o fizeram em uma escola, com endereço, mas, na casa de uma professora.
Na minha infância, de filho único e um pouco doente, não fui logo à escola. Estudei na casa quase vizinha à de uma professora – a velha professora Matilde – que, com muita experiência, me alfabetizou e me fez ler os primeiros livros.
Agora leio, um dia depois do falecimento de Steve Jobs, por todos reverenciado, o que dele escreveu o engenheiro de software, em Xangai, o senhor Jie Bing: “Foi o melhor professor que tive nesta vida”.
Professora Matilde não conheceu o computador e muito menos a Internet. Nem quadro de qualquer cor havia em sua pequena sala de visita da casa que ocupava e na qual estudei as primeiras letras. Steve Jobs talvez nunca tenha tido a idéia da existência das muitas Matildes que perambulam ainda pelo nosso interior e que usam das suas próprias casas para fazer os jovens aprenderem a ler e a escrever.
Cada qual, a seu tempo, cumpriu a sua missão. Matilde, minha mestra da cabeça branca e redonda, estimada pelos meus pais, alfabetizou-me com eficiência e com eficácia, na boa lição de Raulino Tramontin. Steve Jobs, que soube humanizar a tecnologia naquilo que criou, tornou-se o mestre, o professor de muitas gerações do mundo todo e não apenas de Jie Bing ou em Xangai.
Neste dia 15 de outubro, mais uma vez dedicamos a data ao professor, à professora, alguns deles cada vez mais temerosos pelos avanços dos jovens no conhecimento do mundo, gerado pelo que nos chega dos Googles, dos Facebooks, das mensagens rápidas do Twitter, que fazem hoje revoluções de toda natureza, no mundo democrático e no mundo totalitário.
Da mesma forma com a qual a minha Matilde tremeria diante dos ibooks, Jobs ficaria achando dramático ver o quanto existe a pobreza em muitas das nossas escolas por esse imenso Brasil.
Ao homenagear Steve, quero render minha homenagem às muitas Matildes, também presentes em nossos dias.




