Édson Franco Advogado, jornalista e professor universitário – Diretor da Faculdade de Estudos Avançado do Pará ***

Sempre atentei contra os vestibulares. Nunca fui favorável a eles, mas os encarava como um mal necessário em vista da grande demanda por alguns cursos e a exígua disponibilidade de vagas oferecidas. Vi durante os meus tempos as mais diversas maneiras de encarar os vestibulares. Nos anos de 1960 eles eram aprovativos e conforme a métrica utilizada algumas vezes sobravam vagas. Criou-se a idéia dos “excedentes” quando mesmo aprovados nas provas ultrapassavam o limite de vagas e ficavam de fora. Lembro-me que, nessa época, o ministro de plantão reservou seus primeiros dias de ministério para se dedicar aos tais excedentes. Claro que não conseguiu solução imediata como pensava. Os vestibulares, ao depois, se transformaram em classificatórios. Pela norma acabaram-se os excedentes, pois não havia mais a figura dos “aprovados”, mas agora a figura dos “classificados”. Foi tamanho o cuidado adotado que as instituições educacionais tinham de nomear os classificados pela ordem alfabética, evitando a pontuação. Passaram a ser reprovados os que “colassem” nas provas e os que obtivessem um simples zero. Endureceram, de novo. Era necessário aplicar a redação nas provas para ingresso nas instituições de ensino superior. A Lei pedia a conclusão do ensino médio para o ingresso no ensino superior, mas em alguns casos, a Justiça houve por bem decidir que “aprovados” (embora apenas classificados, pois esta era a palavra) mesmo sem o ensino médio completo fossem matriculados no ensino superior, embora contra a Lei. No afã de querer dominar tudo e todas as instituições de ensino superior, o nosso Ministro manifesta-se contra os vestibulares, alegando que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) serve para a mesma finalidade, num centralismo de fazer dó. O MEC aplica o Enem e está aí a fórmula mágica de acabar com os vestibulares. Essa manifestação ministerial acaba num faz de conta. Muda-se, então, o nome vestibular para chamá-lo de Enem e, com isto, adota-se a lei do menor esforço para as instituições de ensino superior (IES). James Heckman, Nobel de Economia do ano 2000, embora tenha tese sobre medidas, mostra que os testes empobrecem cada vez mais a educação. Muitos testes acabam tolhendo a aprendizagem verdadeira. As IES que aderirem à idéia do Ministro vão se livrar da realização dos vestibulares, mas, na verdade, vão perder uma oportunidade de ouro para instituir novas maneiras de aferir os demandantes das instituições. Certamente não vão tentar descobrir como são os seus candidatos; que tipo de relacionamento revelam; se praticam esportes e quais; se executam atividades paralelas e outras mais maneiras de avaliar seus candidatos como fazem as boas universidades do mundo desenvolvido. Por favor, pensemos em ser criativos e libertos do centralismo reinante para avaliarmos os nossos demandantes de tal maneira que não tenhamos tão elevados índices de evasão ao final do primeiro semestre de estudos, como vem ocorrendo.