Laênio Loche *
Psicólogo - laenioloche@gmail.com
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Nas IES, ainda predominam as práticas educacionais de caráter transmissivo, tendo o professor como centro e o aluno como receptor do saberAtualmente o ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – possui um grande peso no processo de avaliação institucional regido pelo MEC. Os resultados no ENADE são críticos na atribuição de valor que a IES receberá, não raro, podendo fazer a diferença entre o sucesso ou fracasso. Na prática, cursos podem ser autorizados ou não, mantidos ou desautorizados em função do desempenho no ENADE. Para completar esse quadro, observa-se que grande parte do corpo discente possui dificuldade para participar de processos avaliativos em geral, sobretudo o ENADE. De maneira empírica pode-se apontar os seguintes motivos: 1. Dificuldades discentes: devido ao ensino básico, fundamental e médio de baixa qualidade, dentre outras razões, muitos ingressantes já chegam à IES com deficiências referentes às capacidades cognitivas avaliadas pelo ENADE. 2. Deficiência Instrucional: há discrepâncias entre o modelo avaliativo do ENADE e o modelo avaliativo e didático da maioria das disciplinas cursadas pelos alunos. O ENADE tem como objetivos aferir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação:
- aos conteúdos programáticos;
- às competências e habilidades relativas a cada curso;
- à articulação entre os conhecimentos adquiridos e a realidade nacional e mundial.
1. (Transmissivo) Interação Humana – Modalidades Sócio-emocionais A interação humana é complexa e multidimensional. Numa situação-problema os membros do grupo podem engajar-se em respostas no nível sócio-emocional, as quais são classificáveis em 4 modalidades. Defina cada uma delas. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 2. (Reflexivo) Interação Humana – Modalidades Sócio-emocionais A interação humana é complexa e multidimensional. Numa situação-problema os membros do grupo podem engajar-se em respostas no nível sócio-emocional. No nível sócio-emocional as respostas podem ser classificadas em 4 modalidades: Dependência, Luta, Fuga e União. Indique sobre qual modalidade sócio-emocional cada sentença a seguir se refere. 1. Sempre que há uma questão polêmica, Afrânio do almoxarifado muda de assunto. 2. Em trabalhos de grupo os alunos solicitam o professor em demasia. 3. Toda vez que há um problema com o filho, o casal briga. 4. Em 1993, diante da possibilidade de não se classificar para a Copa do Mundo de Futebol, a seleção brasileira começou, a partir de determinada partida, a entrar em campo de mãos dadas.Os dois exemplos abordam o mesmo conteúdo, contudo diferem nas operações mentais exigidas. Repare que o primeiro, transmissivo, solicita a definição das modalidades sócio-emocionais. Em tese o aluno realiza a habilidade cognitiva de definir, porém o exercício apresenta alta probabilidade de tornar-se apenas mnemônico ou de cópia, caso o aluno tenha decorado ou acesse a informação pronta em livros, artigos, sites ou qualquer outra fonte. Ela propicia o recurso do copy/paste e em provas predispõe a cola através do papel escondido. A segunda atividade, reflexiva, trabalha o conteúdo conceitual associado às habilidades de: 1. Analisar, pois exige do aluno decompor em partes cada uma das situações descritas. 2. Interpretar, pois para responder o aluno deve atribuir significado aos exemplos fornecidos. 3. Classificar, conforme a interpretação o aluno aponta a correspondência com o conceito mais adequado (tipo de resposta sócio-emocional). Perguntamos ao leitor: qual dos dois modelos de atividade propicia ao aluno pensar e aprender de maneira significativa? Imagine então todas as aulas, disciplinas e atividades acadêmicas predominarem no estilo mais reflexivo, estimulando o pensamento crítico dos alunos. Qual o efeito disso na aprendizagem? E na motivação dos alunos? Mais do que nunca é necessário qualificar o corpo docente das IES para uma didática do pensamento crítico. * Psicólogo formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Especialista em Didática e Metodologia do Ensino pela UNOPAR. Fundador e diretor da LIVRE-PENSAMENTO Desenvolvimento Educacional; professor universitário e conferencista sobre pensamento crítico e habilidades cognitivas em diversos estados do Brasil. Foi membro durante 2 anos da CPA – Comissão Própria de Avaliação – da Uniamérica, em Foz do Iguaçu, PR, e atualmente exerce a docência no curso de Psicologia da mesma instituição.




