Prof. Dr. Valmor Bolan
Doutor em Sociologia e Presidente da CONAP (Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos-Prouni)
***Ano após ano somos surpreendidos com notícias sobre as falhas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEN), provas canceladas, obrigando os estudantes a fazê-las de novo, etc. Pensamos que neste ano, depois de tantos desacertos dos anos anteriores, não ouviríamos mais falar de problemas em relação ao exame. Mas não teve jeito. Lá vieram as falhas e os protestos, e tanta gente insatisfeita com a metodologia do processo. Tudo isso certamente deve levar o governo federal a rever o modo com está realizando esta prova, cuja proposta é boa, mas que precisa ser aprimorada, para evitar tanto desgaste junto à opinião pública.
Um dos problemas talvez seja do ENEM manter a função seletiva e não avaliativa, como havia sido concebido inicialmente. Seria mais interessante e poderia trazer melhores resultados se o governo realizasse exames regionalizados, com prova específica para a seleção nacional pública, deixando o ENEM (conforme sua idéia original) ser avaliativo das escolas do ensino médio, especialmente públicas, e com a certificação do ensino médio para quem não fez o curso regular. Dessa forma, seja possível uma melhor aceitação da proposta e com menos estresse em sua aplicação.
Se o MEC deseja substituir o vestibular em 55 universidades federais, implantando assim uma única prova para todas as instituições de ensino superior, tal decisão depende ainda ser aprovada pelos reitores das respectivas universidades. Enquanto isso, os estudantes vão apanhando com as tentativas do MEC em fazê-los aceitar o ENEM, com o modelo que já vimos estar tendo dificuldade de ser reconhecido como realmente eficaz.
É preciso, portanto, que o governo federal esteja atento a estas questões, porque a sociedade vem cobrando e exigindo eficiência dos órgãos competentes. Desde que surgiu como proposta de avaliação, o ENEM criou uma expectativa, mas não conseguiu ainda convencer e conquistar a todos. Por isso se faz necessário somar esforços para que sejam feitas as correções e apresentadas propostas mais de acordo com o objetivo principal, que é viabilizar uma avaliação qualitativa, que ofereça à sociedade um diagnóstico mais preciso da realidade educacional e permita os melhores alunos a encontrarem as oportunidades que desejam no Ensino Superior.
Nesse sentido, os especialistas envolvidos na elaboração e execução do exame, devem procurar ouvir mais a sociedade, e auscultar o pensamento e o sentimento dos profissionais em Educação, de todos os níveis, para que seja possível a adoção de um sistema de avaliação nacional que corresponda à realidade e seja democrático, tanto na sua aplicação, quanto nas oportunidades de promoção dos alunos que comprovem serem os melhores, porque foram aprovados num processo avaliativo com credibilidade.




