Andrea Duarte Económico/Portugal, publicado em 20 de novembro de 2011 *** A crise obrigará as universidades a encontrar estratégias inovadoras de mobilização de recursos, a diversificar as suas fontes de financiamento, e a promover abordagens mais eficientes de utilização de recursos", afirma Geraldo Martins, especialista sénior em educação do Banco Mundial. "Trata-se de encontrar as melhores opções para maximizar os recursos disponíveis, isto é, alcançar melhores resultados com os mesmos recursos. Isso exigirá muita criatividade", conclui. Para Banghy Cassy , reitor da Universidade Zambeze, de Moçambique "a crise financeira mundial, que caracteriza o início do século XXI, tem estado a afectar grandemente os sistemas de ensino e em particular o ensino superior, o que impõe grandes desafios para a sua gestão". Essa é uma das razões que levou administradores, reitores, directores de faculdades e académicos que pensam a gestão das instituições do ensino superior a reunir-se em rede. Uma dessas redes está agora em plena construção: a do Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa. A primeira conferência anual deste fórum vai realizar-se nas Universidades de Lisboa e Coimbra, entre hoje e quarta-feira (20 a 23 de novembro de 2011). Os participantes vêm de quatro continentes, mas os problemas são comuns. "O primeiro, comum às universidades europeias, diz respeito ao fenómeno da internacionalização, identificado com o movimento de Bolonha e que se explicita numa grande preocupação com a mobilidade de alunos e professores entre universidades, currículos equivalentes com aproveitamento de créditos e construção de uma formação universitária mais heterogénea , mais interdisciplinar e interprofissional", lembra Marcus Masetto, professor de Psicologia Educacional na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, do Brasil. Outro desafio partilhado, acrescenta Luísa Cerdeira, vice-reitora da Universidade de Lisboa e co-organizadora do encontro, é a necessidade "de manter esta pressão na qualificação da nossa população". No ensino superior português, "nos últimos anos, mercê das alterações no sistema de Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações, muitos docentes reformaram-se mais cedo do que é normal", o que levou a uma crise de falta de renovação de quadros, observa Luísa Cerdeira. Peritos e pensadores da gestão universitária "A fraca capacidade financeira dos governos para assegurar uma expansão efectiva do ensino superior é outro desafio para a gestão das instituições do ensino superior, uma vez que se espera que estas assumam o compromisso com o desenvolvimento económico e social dos países, aumentando o número de vagas", sustenta Bhangy Cassy, reitor da Universidade Zambeze, de Moçambique. "Para melhorar a sua gestão, as instituições de ensino superior precisariam de estruturar as componentes administrativas integrando-as com a componente académica", sugere. Para Marcos Masetto, professor de Psicologia Educacional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, "melhorar a gestão da universidade" é um desafio relacionado também com "criar projetos inovadores , com pesquisas interdisciplinares e com cursos interprofissionais , alinhados à prestação de serviços comunitários, atendendo directamente à população nas suas necessidades". "O facto de tantas e tão grandes universidades, implantadas no mundo todo, poderem falar e se comunicar na mesma língua apresenta uma especificidade que é muito rica", aponta. "A tendência a nivel mundial é para dotar as universidades de um corpo de gestão com uma maioria de membros provenientes do exterior da própria universidade com autoridade, por exemplo, para nomear o reitor e aprovar o orçamento e o plano estratégico da instituição", afirma Geraldo Martins, especialista sénior em educação do Banco Mundial. "As universidades devem adoptar modelos modernos de gestão que incorporem princípios de participação e de transparência", aconselha Geraldo Martins.