Eduardo Silva Franco
Professor, Mantenedor da FEAPA – Faculdade de Estudos Avançados do Pará e Membro do Conselho Mantenedor da UNESPA
eduardo.silva.franco@gmail.com
***A geração que ingressou na educação infantil na década de 1970 contou com a organização de pré-escolas, nas quais livros, quadros negros (verdes, brancos...), bibliotecas e espaços de convivência e recreação foram pontos importantes do universo da aprendizagem.
Hoje, têm-se variações interessantes: os livros permanecem, mas já estão em competição com os computadores; os quadros negros já não são somente verdes ou brancos também, mas igualmente com funções da computação; os espaços de convivência e recreação ganharam a virtualidade.
A escola, em si, mudou significativamente. Bons docentes devem saber, para além dos conteúdos a desenvolver, realizar e orientar pesquisas, atuar junto à comunidade extra-muros e dominar um conjunto cada vez maior de equipamentos e tecnologias, não esquecendo da interlocução com novas realidades em termos de direitos e deveres para com alunos e familiares.
A aula já não cabe mais no tempo escolar. Não se pode mais ensinar com o que se diz ou com o que se mostra. É preciso ensinar com o que se passa e com o que se deixa ao final e, até mesmo, durante a aula.
O novo patamar do ensino e da aprendizagem tem moldado um tipo de docente que não se vale mais somente do conhecimento propriamente dito. Ser uma atração e transformar esse conhecimento em acontecimento começa a preocupar. Como no mundo lúdico, o novo docente não pode confundir os papéis do brinquedo e da brincadeira no universo do brincar.
A palavra brincar tem origem no latim vinculum que deriva do verbo vincire e significa prender, seduzir, encantar. Virou brinco e, posteriormente, brincar ou, como derivada do alemão blinken. Brincar independe de brinquedo ou de algo mais elaborado como a brincadeira. O brinquedo é a expressão de uma forma de brincar. A brincadeira é a idéia com lógica de início, meio e fim.
Tal como o brincar, ensinar pode envolver formas de conteúdo, didática e metodologias, tecnologias e condições avançadas materiais e de suportes diversos. Mas, assim como as crianças podem brincar sem o brinquedo ou a brincadeira e ainda se divertirem (foco do brincar), deveriam alunos aprender e os docentes ensinar sem a pirotecnia que acompanhamos hoje, em muitos casos.
O docente que não consegue ensinar sem recursos tecnológicos de monta deve rever seus conceitos. O professor tecnológico é importante, mas nunca será um bom professor se não souber ensinar até com os olhos fechados dos alunos. E eles – os alunos – serão a conseqüência dos docentes que lhes educaram.
O conhecimento molda as condições de ensino e não o inverso. É desejável que todas as salas de aula, presenciais e a distância, tenham condições tecnológicas as mais avançadas. Mas, a essência do conhecimento não deve apenas existir e ser trabalhada somente porque as condições permitem. Brincar é tanto quanto melhor quanto a disponibilidade de brinquedos e a organização de brincadeiras. Todavia, se brincar é fundamental, ensinar/aprender é o fundamento.




