José Roberto LoureiroVice-presidente de operações da Laureate Brasil***O Brasil vive hoje um momento ímpar de sua história. Desde o início deste século, o país vem crescendo vigorosamente, apesar das crises que atingiram o mundo desenvolvido. O bom momento está criando um ambiente estimulante de maior consumo e vem sendo acompanhado pela redução das desigualdades sociais, com milhões de pessoas migrando das classes E/D para o estrato médio, a chamada classe C. Estabilidade econômica, programas sociais e expansão do crédito são alguns dos fatores da transformação do país nas duas últimas décadas e cada vez mais o Brasil atrai investidores de toda parte, interessados em empreender em uma nação que se coloca como potência global.
O País já não é mais o mesmo país de 20 anos atrás. Melhorou muito. Mas, evidentemente, ainda há gargalos que deverão ser superados. Uma das áreas de maior oportunidade é a da educação. É fato que também neste campo muito se avançou – segundo o Censo da Educação Superior de 2010, as matrículas cresceram 110,1% na última década e os cerca de 6 milhões de universitários representam hoje o dobro do que se verificava em 2001.
Com a universalização do ensino básico, cada vez mais estudantes conseguem chegar ao ensino superior e com isto verificou-se uma explosão nas matrículas na última década. Para que este recorde fosse atingido, o aproveitamento da capacidade instalada do setor privado foi fundamental. Da mesma forma que a quantidade de faculdades se multiplicou pelo país, o número de universitários triplicou em 15 anos. E é justo dizer que os principais responsáveis por alimentar essa expansão foram as instituições particulares, que representam hoje praticamente 75% do total de matrículas.
O avanço até aqui foi significativo, mas é preciso reconhecer a carência existente no ensino superior. Pouco mais de 15% da população entre 18 e 25 anos cursa algum tipo de universidade no Brasil.
Mas, afinal, o que precisa ser feito? No ensino fundamental e médio, a tarefa é melhorar a qualidade e garantir a universalização. Neste particular, os esforços estão sendo realizados pelos Estados e Municípios, com a supervisão do governo federal em diversos programas.
No ensino superior os desafios são ainda maiores e está muito clara a oportunidade presente no Brasil, já que há uma demanda reprimida significativa. Temos visto no país a possibilidade da construção de uma rede educacional ampla, capaz de incorporar os alunos egressos do Ensino Médio, para o país continuar crescendo quantitativa e qualitativamente. Também entendemos que a expansão das matrículas deve ser acompanhada de intensa busca por um ensino de qualidade, do contrário o estudante não alcançará seus objetivos.
Analisando os números do ensino superior, fica evidente que a grande alavanca pode ser o financiamento estudantil. O Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) do governo federal tem incentivado o acesso de estudantes à universidade. Dados do MEC apontam que, em 2010, aproximadamente 76 mil alunos foram beneficiados pelo programa e, em 2011, cerca de 150 mil. Ainda é pouco, mas há um avanço.
As iniciativas governamentais são louváveis, mas a verdade é que ainda não dão conta, e nem poderiam, da enorme oportunidade existente. A questão do financiamento ao estudante do ensino superior é crucial porque educação de alta qualidade custa dinheiro e há no Brasil um contingente de pessoas que gostaria de realizar o sonho de obter um diploma universitário, mas que não dispõe de recursos para se sustentar e pagar a faculdade. Um público que gostaria, sim, de investir na formação educacional.
De acordo com dados do National Center for Education Statistics, os EUA possuem cerca de 4,5 mil instituições de ensino superior e mais de 20 milhões de universitários. O país é um exemplo do quanto um modelo estruturado de crédito educacional pode contribuir para o acesso dos estudantes à universidade – lá 95% dos alunos de ensino superior contam com alguma forma de financiamento. O empréstimo federal, modelo mais praticado no país, responde por mais de 50% do total de subsídios.
Para que o Brasil avance no sentido de se tornar um país em que a população seja educacionalmente qualificada, portanto, é preciso ampliar os meios de financiamento estudantil, seja pelos programas existentes, que precisam ser mantidos, seja pela criação de novos projetos, inclusive envolvendo instituições financeiras privadas.
O mundo está mudando, se tornando mais competitivo e o diferencial da educação é e será fundamental para que os países se tornem mais prósperos. O Brasil está no rumo certo e não pode desperdiçar a chance e nem perder o bonde da história.




