Prof. Domingo Hernández Peña
Escritor, professor de Turismo, Honoris Causa pela Anhembi Morumbi, e consultor de Comunicação
***São milhões, pelo mundo afora, as pessoas de toda idade e condição que não se sentem satisfeitas com a sua origem. Ou não gostam do seu lugar de nascimento, ou da própria família, ou do bairro em que moram, ou da preparação que receberam, ou da escola em que estudaram alguma coisa, e vivem escondendo o que realmente são, ou mentindo sobre o que imaginam que poderiam e deveriam de ser.
Daí que seja frequente, para os que lidam com recursos humanos, tratar com histórias pessoais falsas, incompletas ou deformadas. Gente que sabe, mas que nunca estudou. Gente que estudou, mas que não sabe. Gente que estudou uma coisa e que sabe de outra. Gente carregada de insatisfação, que delira sobre o que pensa que poderia ter sido e não é...
A questão é complexa, e até desconcertante em alguns aspectos. E pode levar-nos, por exemplo, de forma específica, a analisar o que acontece no Brasil com muitos executivos de renome, formados pelo Ensino Particular, que têm vergonha de dizer o que estudaram e onde estudaram. Às vezes porque o que aprenderam nada tem a ver com o que fazem ou praticam. Às vezes porque os diplomas de certas instituições não “prestigiam” ninguém...
Por uma coisa ou pela outra, o assunto merece atenção, porque o problema é grave, tanto se for de conteúdo como se for de imagem. Sendo de conteúdo, a solução só poderia ser de caráter objetivo: melhoria pura e simples do ensino e das escolhas dos caminhos profissionais. Sendo de imagem, a resposta não seria tão fácil, porque poderia estar condicionada pela subjetividade. Prestígio e desprestígio nem sempre são o resultado ou a consequência de algo evidente, que possa ser medido e pesado com exatidão...
No Ensino Particular, igual ou mais que no Ensino Público, é preciso, sim, cultivar todo dia a ideia de que pode mais quem sabe mais. Porém, também é preciso desenvolver a crença, o sentimento, a percepção, de que vale mais quem ensina melhor. Nenhum país se encontra a si mesmo até que descobre e aceita que a credibilidade dos que ensinam é a única garantia de uma vida mais digna.
Nos Estados Unidos, por exemplo, e não há como evitar o exemplo, não é fácil encontrar alguém que duvide do poder do Conhecimento e do prestigio do Ensino. E por isso há, lá, tantos milionários “prestigiando-se” com enormes investimentos no fomento da Educação, e tantos formados enviando recursos (...) para suas escolas de origem. América!
No Brasil é diferente, por enquanto. Aqui, o pessoal se “prestigia” de outra forma. E essa coisa tão rara, de mandar dinheiro para as escolas onde se estudou, ainda não entra em muitas cabeças afortunadas.




