Prof. Domingo Hernández Peña
Escritor, professor de Turismo, Honoris Causa pela Anhembi Morumbi, e consultor de Comunicação
***Aconteceu no Rio de Janeiro o último grande evento do chamado Rio + 20, que, de novo, não serviu de muito em quanto a melhorar e prolongar a vida da Terra. Os que maltratam o Planeta continuam sendo uma evidente maioria, muito poderosa. Porém, a presença na capital carioca de tanta gente importante vinda do mundo todo sim serviu para comprovar, mais uma vez, que no Brasil não estamos preparados, ainda, para oferecer ao País o prestigio (a imagem) que ele merece, reclama e necessita.
Estou trazendo a esta publicação que trata de Ensino uma questão que em princípio não é do Ensino, porque quero provocar uma reflexão: os problemas que afetam de forma grave ao País são os mesmos que interessam de forma prioritária aos que ensinam e estudam no País? Mesmo? De verdade?
Continuo. O que aconteceu com o Rio + 20 foi um desastre para Rio de Janeiro, em particular, e, em geral, para o Brasil que prepara os grandes eventos de 2014 e 2016. Desorganização generalizada. Troca de nomes nas apresentações. Abuso nos hotéis... Rajoy, o presidente espanhol, foi apresentado como sendo primeiro ministro de um arquipélago remoto do Pacífico Sul... A imprensa mais séria dos países sérios não para de criticar o que parece mentira, atacando de forma especialmente dura os preços e as carências da “hotelaria brasileira”...
Mas ninguém diz, para que conste e possa se entender, que a Hotelaria Brasileira simplesmente não existe. A que bem ou mal existia faz muito tempo que foi engolida pela Hotelaria Internacional, que é, na prática, a que permite, ou não, que aqui seja possível hospedar-se de alguma maneira, pagando as tarifas mais caras do mundo, durante qualquer evento.
Essa hotelaria de aço e cristal que surgiu e surge nas esquinas brasileiras, com nomes raríssimos, e proprietários muitas vezes desconhecidos, atua como nacional quando é do seu interesse, no que a ela lhe interessa, mas não se compromete, nunca, em nada, quando se trata de pôr o País, e os interesses gerais brasileiros, por cima de qualquer outra coisa... “Negócio é negócio”, e por isso as tarifas se calculam para ganhar o máximo, no menor tempo, com o menor esforço... Para maior “facilidade”, reservas e cobros podem ser feitos, ou não, lá fora...
O problema é maior, e pior, do que parece. Essa hotelaria que opera no Brasil sem ser brasileira e sem se sentir brasileira, não presta com o seu funcionamento “opaco” e agressivo a boa acolhida que o País precisa oferecer aos seus hóspedes, nem promove a boa imagem que esses hóspedes deveriam ter do trato recebido. As consequências são muitas, diretas e indiretas, dentro e fora das nossas fronteiras, e sobre elas poderíamos falar longamente. Mas o que mais importa aqui e agora, neste artigo e neste jornal dedicado ao Ensino, é outra coisa: é a Imagem do Brasil, tão deteriorada, tão maltratada com tanta frequência, e tão pouco defendida pelos que mais deveriam defendê-la.
Na prática, uma imagem ruim sempre se corresponde com coisas e fatos ruins, verdadeiros ou não... Para o Brasil, essa evidência costuma ser uma desgraça... E se a desgraça é nacional e continuada, o Ensino deveria prestar-lhe atenção, da mesma forma que já lhe prestou atenção, em tempos idos, a outras desgraças grandes que sacudiram o ser e o estar do País.
Onde estão agora mesmo os sentimentos históricos do Ensino Superior Brasileiro? O saber e o sentir são coisas que nascem, crescem e morrem sem sair das salas de aula? A que aspiram, como cidadãos, os estudantes brasileiros que no Brasil estudam? Os professores esqueceram que são, ou deveriam ser, além de transmissores de conhecimento, os principais promotores do Pensamento Nacional? Que causas grandes defendem atualmente as Universidades brasileiras? A globalização engoliu, também no Ensino, como na Hotelaria, as diferenças vitais?




