Antônio de Oliveira
Professor universitário e consultor de legislação do ensino superior da ABMES (1996 a 2001)
antonioliveira2011@live.com
***A palavra é arma poderosa. Tanto de defesa como de ataque, de demolição como de edificação, de estímulo como de desestímulo. No parlamento, a palavra é esgrima. Nos parlatórios, fala-se, ouve-se. Nos comícios é a arte da palavra que manipula multidões. Nos megasshows é a palavra cantada que embala e leva ao delírio legiões de fãs que acompanham seus ídolos em uníssono. Nos tribunais é a ferramenta de que se servem os litigantes de uma causa. Na guerra é na boca do comandante e nos hinos marciais a aguilhada que estimula a bravura dos soldados mesmo sem justa causa. No púlpito, tribuna sagrada dos templos religiosos, a palavra de Deus é semente que lembra a parábola do semeador.
Naqueles dias, disse Jesus a seus discípulos... Esse o prólogo de toda pregação reportada nos Evangelhos. E Jesus sempre lhes falava em parábolas porque, afinal, a vida humana não deixa de ser, ela própria, uma parábola.
Só por comparação alegórica o conjunto de seres e acontecimentos nos transporta a outras realidades. Olhai e vede... Não é à toa que o carnaval do Rio de Janeiro capricha nas alegorias para dar o seu recado.
Para surtir efeito prático, a palavra tem que falar mais ao coração que à razão. O próprio jornalista, hoje em dia, procura tratar o ouvinte, ou leitor, mais do que tratar a notícia. Talvez se possa dizer que, para o médico, tão importante como conhecer a doença é conhecer seu paciente a quem a doença aflige. Nunca vi nenhuma doença por aí. O que tenho visto são doentes, em montes de gente, cada um com seus traços idiossincráticos. Vale dizer, doenças encarnadas.
A palavra desperta e produz emoção. Mais do que entender, faz sentir. Um bom comunicador é aquele capaz de se expressar de tal maneira que seu interlocutor se sinta um colocutor.
Ah, arte da palavra! Arte de dar voz aos fatos e aos estados da alma. Na voz ativa e na voz passiva; no indicativo, no subjuntivo, no imperativo. Arte de dar o recado de A a Z.




