Antônio de Oliveira
Professor universitário e consultor de legislação do ensino superior da ABMES (1996 a 2001)
antonioliveira2011@live.com
***A vida se constrói na base de renovações. Todo dia repetimos: – Bom dia! Todo dia o Sol desaparece para reaparecer no dia seguinte. Todo dia, o mesmo Sol. Mas, todo dia, a claridade própria de cada dia. O Sol nosso de cada dia. Sol brilhante. Céu azul. Natureza que diz a que veio. Só nos resta escutá-la para ouvir o que ela tem a dizer. Saber fazer-lhe a leitura. Cada paisagem é uma página de natureza viva. A moldura é o nosso olhar. Escutar a trilha sonora das águas claras do riacho cantador. Prestar atenção à conversa dos pássaros. Na verdade, a ave, quando canta, se comunica. Ora é uma cantiga de flerte, ora um trinado, ora um arrulho de acalanto. Ninho de passarinho ou casa própria do joão-de-barro a gente descobre, não para destruir, mas para admirar-lhe a inigualável arquitetura a céu aberto. Auscultar os elementos da natureza: terra, ar, sol e água. Aspirar, gotejados, os primeiros pingos de chuva. Primavera, bem mais que um dia, é um mês, um período, uma estação, um estado de espírito.
Primavera é tempo de renovação. De rejuvenescer depois de uma poda bem feita, de uma dor que dói sem doer. A paisagem se tinge de diferentes e intensos tons, com predominância do verde, esperança no renascer. Em meio a essa policromia, o beija-flor se delicia com o néctar da natureza, a borboleta flutua “como um leve papel solto à mercê do vento”. Vento que acaricia também o ipê frondoso, imponente, de esbelteza sem par. Olhai os ipês de Belo Horizonte, de matizes variados: ipês roxos, amarelos, brancos, rosa. Nem as pessoas mais ricas em toda a sua elegância se vestem com a exuberância de um deles. O chão que piso se atapeta de folhas e se enflora de pétalas amarelas, mas também brancas e coloridas.
“Não há dúvida: a primavera chegou. Os pessegueiros estão floridos, as glicínias espiam por cima do muro, o menino doente já mostra no rosto magro uma sombra de sorriso.” Não há dúvida, Érico Veríssimo, a primavera chegou.




