Valmor Bolan
Doutor em Sociologia e Presidente da Conap/Mec (Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Prouni)
***Os professores sempre foram e serão profissionais pilares da sociedade civilizada. É eles quem estão incumbidos da difícil missão de educar, e isto começa muito cedo, já nos primeiros anos de vida da pessoa. Os professores se dedicam para acumular experiência de vida e conhecimento, com o objetivo de ajudar outras pessoas a se desenvolverem como seres humanos. É uma atividade que, na verdade, tem muito valor, daí que deveria ser mais prestigiada em nossa sociedade. Vemos hoje muitos professores tendo que ser heróis para dar conta de seus afazeres, enfrentando condições nem sempre dignas de trabalho, com uma carga horária que excede muitas vezes a capacidade da devida concentração, além das dificuldades de permanente qualificação (com aquisição de material, livros, filmes, cursos, viagens, etc.) que auxiliam na necessária e constante capacitação exigida hoje pelo mercado de trabalho. Muitos acabam sucumbindo diante das dificuldades e mudam de profissão. Mas há os que resistem e fazem da sua profissão uma história de amor pela vida, com testemunhos que gratificam o exercício do Magistério em nossos dias, apesar de todos os desafios existentes.
O valor dos professores não tem preço que pague, mas precisamos cobrar uma política de maior valorização profissional dos educadores, principalmente em relação à justa remuneração. É preciso que haja maior empenho nisso, a exemplo do que acontece nos países desenvolvidos, como Japão e Coréia, onde os professores são respeitadíssimos, recebem bem pelo que realizam, possuem atenção especial e consideração, porque lá eles são reconhecidos pelo que fazem à sociedade. Em países assim, quando há efetivas condições de trabalho, bons salários e reconhecimento social, os professores se sentem motivados e dão aulas até depois de se aposentarem. No Brasil, o que vemos é o contrário. Muitos não vêem a hora de se aposentar e ir embora para suas casas, passando até atuar em outra atividade, mas deixando de vez o Magistério, justamente numa fase em que há acúmulo de experiência.
Na Austrália, há o caso do padre Schneider, que continua dando aulas aos 99 anos (http://www.bbc.co.uk/worldservice/emp/pop.shtml?l=pt&t=video&r=1&p=/portuguese/meta/dps/2012/10/emp/121015_professor_guiness_as.emp.xml) e é muito querido e valorizado pelo que faz. Segundo reportagem da BBC, publicada pela G1 Mundo, "O padre Geoffrey Schneider, que vai completar 100 anos em dezembro, foi certificado pelo Guiness World Recorde, o livro dos recordes, como o professor em atividade mais velho do mundo. Ele dá aulas de ensino religioso em uma escola no norte de Sydney desde 1965. Schneider conta que se sente honrado por poder continuar dando aulas e que muitos fariam o mesmo se tivessem a saúde e a energia necessárias. Ao ser perguntado sobre aposentadoria, ele responde que espera poder lecionar no ano que vem, mas não quer fazer planos, além disso,". O exemplo de vida do padre Schneider serve como alento para muitos professores, pois comprova que é possível superar os problemas do dia-a-dia e alcançar uma realização pessoal a partir do exercício de uma atividade profissional, quando se trata de uma vocação a serviço do bem da pessoa humana.
Temos nesta semana de comemoração pelo Dia do Professor, que não apenas parabenizar os esforços de todos os professores, em todos os níveis de ensino, por uma educação com cada vez mais qualidade em nosso País, e identificar a cobrança por medidas que contribuam para que os professores tenham o apoio que precisam para trabalharem com mais afinco pelo desenvolvimento de todos.




