Prof. Dr. Valmor Bolan
Doutor em Sociologia e Presidente da Conap/MEC (Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do ProUni)
***Mais uma vez Hugo Chaves faz a Venezuela de gato e sapato. Populista, fanfarrão, caudilho. Chaves é uma aberração do que poderia chegar à democracia na América Latina, tendo em vista os abusos que comete instrumentalizando as próprias instituições democráticas (eleições, partidos) para fazer valer seu estilo ditatorial, seu mandonismo e ainda mais a ideologia “socialista” que vem enfiando goela abaixo do povo venezuelano, iludido com a retórica do bufão, e sustentado pelo dinheiro do Petróleo, que garante a Chaves praticar a gosto seu clientelismo. Golpes em cima de golpes, recheados de retórica, de carisma midiático, de espetáculos calculados, como este agora em que ele desaparece exilado em Havana para tratamento de seu câncer, faz o que quer do jeito que quer, e que a Constituição vá às favas. Ele decide que Maduro deve continuar vice-presidente e pronto. Para que formalidades? A oposição não sabe como enfrentar a Medusa. Chaves é quem manda e qual o problema?
Mas ao contrário do Brasil, tudo monitorado por Havana, lá na Venezuela tem oposição política aguerrida, mas que ficou acuada diante dos últimos acontecimentos, pois o imbróglio é do feitio de Chaves, sempre foi assim desde que ele apareceu na cena política venezuelana. E o povo assiste a tudo isso bestializado, ou manipulado, sem entender bolufas do que está acontecendo. E o mais enervante é que o Brasil apoia Chaves, como apoia todos os líderes de viés’ populista-socialista’ do continente, porque há um projeto de poder em curso na América Latina, desde quando o modelo comunista soviético desabou, em 1989. Fidel Castro é o grande mentor, o guru em que todos vão lá beijar a mão, desde a queda do comunismo no Leste Europeu que Cuba tratou de protagonizar uma nova estratégia de trazer o ‘socialismo’ decadente para cá, por processos democráticos manipulados.
Mas na Venezuela a proposta é mais clara, Chaves defende com unhas e dentes seu socialismo bolivarionista. No Brasil, a coisa está ainda meio camuflada, plástica, apesar de todo o projeto socializante do Brasil estar contido nos documentos do PT, principalmente no Plano Nacional de Direitos Humanos 3. Mas na Venezuela não se sabe se haverá herdeiros com o carisma de Chaves, e se a oposição lá será capaz de estancar o processo. O fato é que o imbróglio Chaves continua em cena. Pode a qualquer momento aparecer novo em folha, nos braços do povo, para uma apoteose desejada. Tudo pode acontecer. De qualquer forma, é importante estarmos atentos ao que acontece por lá. Com a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, e com eleições presidenciais, é evidente que vão buscar consolidar o projeto de poder pseudo-socialista em nosso País. Por isso precisamos estar muito atentos a tudo e todos, para que, da nossa parte, prevaleça o melhor discernimento.




