Domingos Sávio Alcântara Machado*
Diretor de Inteligência Competitiva, professor universitário da Universidade Tiradentes (graduação e pós-graduação)
Presidente da Associação de Gestores de Tecnologia da Informação do Estado de Sergipe
***Nos últimos anos, pudemos acompanhar e identificar mudanças significativas no cenário de ensino superior privado do Brasil: abertura de capital na bolsa de valores; fusões e aquisições; novos entrantes; players internacionais adquirindo instituições no nosso país e uma maior profissionalização do setor.
O que antes parecia um horizonte tranquilo de oportunidades e crescimento para todos não existe mais. As universidades, centros universitários e faculdades do Brasil, que buscavam apenas a excelência do seu ensino e, algumas delas, da pesquisa e extensão, agora precisam se preocupar e aprender a conviver com a concorrência acirrada, guerra de preços das mensalidades, maior evasão escolar, disputa por professores titulados, controle de custos e busca pelas melhores práticas de gestão.
Saber tomar a decisão correta no momento certo sempre foi primordial para o sucesso ou fracasso de qualquer empresa, basta analisar a história de grandes corporações como a Kodak, Blockbuster, Vasp e Mesbla. Empresas que mesmo dominando o mercado onde atuavam, passaram por enormes dificuldades e algumas deixaram de existir por perceber tardiamente as mudanças que estavam acontecendo à sua volta ou por não terem se movimentado na direção correta.
Um dos casos mais emblemáticos que podemos relatar é o da Kodak, empresa centenária que praticamente detinha o monopólio do mercado e permaneceu 25 anos sem tomar iniciativa da produção e venda da tecnologia de fotos digitais, que ela mesma tinha desenvolvido e acumulado mais de mil patentes, com receio de colocar em xeque seu modelo de negócio daquela época. Com isso, perdeu, de forma categórica, a liderança do setor e aquela decisão contribuiu seriamente para a queda dos resultados econômicos da empresa.
A informação é uma importante aliada dos executivos nas escolhas estratégicas, mas uma pesquisa encomendada no final de 2010 pela Avanade, joint venture entre a Microsoft e Accenture, na qual foram ouvidas 543 companhias em 17 países da América do Norte, Europa e Ásia, revelou que 46% das empresas do mundo tomam decisões erradas porque se apoiam em informações equivocadas, incompletas ou desatualizadas.
Assim tem sido também no cenário educacional brasileiro, mas, felizmente, algumas IES – Instituições de Ensino Superior – já estão se preparando para os desafios da próxima década, começando a se preocupar com temas novos nesse setor como, por exemplo, auditorias externas, Governança Corporativa e Inteligência Competitiva (IC).
Neste artigo, discutiremos um pouco como um departamento de IC pode contribuir para uma IES melhorar e tornar mais ágil o processo de tomada de decisão.
A sobrevivência e o desenvolvimento das empresas requerem uma capacidade de reagir rápido às mudanças e de prever futuras tendências do mercado para antecipar suas estratégias. Neste cenário, o departamento de IC procura fornecer informações precisas, amplas e relacionadas com o negócio, além de ter a possibilidade de construir cenários que busquem ajudar os gestores a terem uma visão mais próxima possível do futuro, com o menor grau de incerteza e risco.
A Inteligência Competitiva usa um conjunto sistemático e ético de processos e ferramentas que são responsáveis por selecionar, interpretar, disseminar e gerenciar as informações externas/internas que serão utilizadas no processo de tomada de decisão.
A IC em uma instituição de ensino pode ser utilizada para:
- Monitorar e antecipar movimentos de outras IES;
- Perceber e informar iniciativas de fusões e aquisições;
- Visualizar oportunidades para construção de novos negócios ou aperfeiçoamento dos atuais;
- Suprir o departamento de vendas com informações que possam melhorar o seu desempenho;
- Identificar mudanças tecnológicas ou macroeconômicas de impacto ao seu negócio;
- Monitorar ações regulatórias do MEC.




