Prof. Dr. Valmor Bolan Doutor em Sociologia Diretor da Universidade Corporativa Anhanguera e de Relações Institucionais da Anhanguera e Reitor do UNIA ***A primeira década do século 21 já vai concluindo o ciclo. O tempo corre realmente veloz. Já foram quase dez anos e ficamos impressionados e impactados com tanta celeridade. Para onde vamos? Que futuro nos espera? Hoje, cada vez mais estamos dependentes de artefatos tecnológicos, da Internet nem se fala, se der uma pane no sistema, então todos não saberão o que fazer. Caminhamos para uma sociedade hiperglobalizada e hipertecnológica, com uma interdependência crescente. Ninguém é mais uma ilha. Não dá para ser. Agora, tudo está plugado e conectado. E neste turbilhão ativista, vão se delineando tendências do novo tempo, de um tempo muito novo, cheio de mudanças, em que o passado vai ficando muito para atrás, desfigurado até, dos padrões clássicos.
E então, o que fazer? É preciso saber ao que se ater, quando tudo se dilui nos imediatismos e escapismos. Os dias se transformam numa parada de jogo hipertenso, em que a sobrevivência vai se tornando difícil, dando a impressão de vivermos uma cruel seleção natural, pois vencem os mais aptos, excluindo os inadaptados da nova lógica do sistema global. Dá a impressão de poucas alternativas, e a pessoa humana fica vulnerável, acuada até, diante de tantos condicionalismos.
É um tempo de mutações contínuas, de pós-modernidade, de transformações a todo instante, de desenraizamento, de desconfiguração das identidades, de falta de um sentido humano de vida, alguns já falam em pós-humanidade.
Os avanços tecnológicos dão uma falsa sensação de segurança, porque, a qualquer momento, uma falha pode ser fatal. É aí que precisamos recuperar o sentido da espiritualidade, daquilo que vai além das aparências, do que nos eleva para uma condição superior, capaz de otimizar nossas melhores potencialidades.
Em meio a tudo isso, apesar de tantas contradições equívocos, vamos aprendendo de novo, a buscar uma convivência possível, a evitar a nova barbárie e salvaguardar a civilização.
Que futuro nos espera? Ninguém sabe, mas intui que seja possível uma cultura nova, de valorização da vida, em todos os aspectos. Precisamos de uma cultura humana nova, mais solidária, voltada a criar redes de suporte mútuo, redes de solidariedade, para que haja efetiva sustentabilidade. Um futuro capaz de nos mantermos pessoas, com afeto, virtudes, e valores que sustentam histórias de vida de grande valor humano. Nada de pós-humano, o futuro nos desafia a superarmos impasses, a mediar conflitos e viabilizar uma convivência global menos perversa. Esperamos um futuro como aquele que fez Chaplin proclamar alto e em bom som: "Homens e não máquinas, é o que sois!". Queremos um futuro voltado para o ser humano, que promova e valorize a vida, de modo integral, para que todos tenham acesso aos bens disponíveis, sejam tratados como gente, com respeito, para o bem de cada pessoa humana e de todos como um todo.




