![Edson Franco](http://abmeseduca.com/wp-content/uploads/2011/12/Edson-Franco-150x150.jpg)
Os alunos precisam ver a realidadeSei que muitos mantenedores têm dificuldades de interagir com o ambiente comunitário das pequenas e médias instituições de ensino superior (PMIES). Alguns sentem medo dessa interação imaginando que a comunidade circundante das escolas só sabe ver os mantenedores como gente que só pensa em cifrões, em lucro fácil. Esse temor já vai longe, especialmente se os mantenedores não forem realmente educadores. Uma sugestão que desejo dar e que vivi por largo tempo foi a de realizar, na instituição que eu dirigia e era mantenedor, os chamados “Ciclos de Debates Empresariais”. Preciso corrigir: esses Ciclos não eram realizados na instituição e sim nas empresas. Tinham a duração de uma semana, com cinco visitas, e aconteciam antes do horário do almoço, de modo que os alunos e os coordenadores do trabalho pudessem “almoçar de graça” ao cabo da visita. O que se exigia é que os estudantes – cerca de trinta a quarenta dos últimos semestres – fossem recebidos pelos próprios “donos” ou dirigentes: em suma, pelos chefões. Além disso, estes deveriam proferir uma breve palestra, relatando o caminho percorrido pela empresa e o sucesso alcançado. Geralmente escolhíamos cinco empresas de algum porte, mesmo numa terra pouco expressiva economicamente como a nossa. Trabalhávamos antes com os dirigentes para que eles dominassem, por completo, a ideia do Ciclo. Após essas palestras, os alunos participantes tinham o direito (ou o dever) de efetuar perguntas aos expositores, decorrentes do que haviam lido e aprendido nos folhetos promocionais das empresas. Encerrados os debates, um dos alunos, de martelo em punho e um prego à mão, escolhia a melhor parede da empresa, bem visível e nela, com a devida permissão, colocavam um quadro, com moldura de alumínio, que registrava a participação daquela empresa noCiclo de Debates Empresariaisda nossa IES. Seguia-se, então, o almoço, de preferência igual ao almoço dos empregados. Esse programa foi de máximo sucesso. Perguntas inteligentes dos nossos alunos chegaram a resultar na contratação de alguns deles, pós-visita. Ao todo, enquanto durou, visitamos cerca de cinquenta empresas (mais ou menos dez Ciclos) e deixamos nelas a nossa marca: proximidade da escola com a sua comunidade e dos alunos com os problemas dos empresários-expositores. Foram aulas vivas e muitos dos empresários, que nunca tinham falado para estudantes de ensino superior, chegaram a tremer nas bases na hora de contarem seus “causos”. Dá para perceber os excelentes resultados dessa iniciativa. Os empresários ficaram conscientes que estavam diante de bons futuros profissionais e, portanto, da escola que estava cumprindo sua missão de bem prepará-los para a vida profissional. Se aqui não fosse apenas um depoimento ilustrativo, poderia contar muitos bons “causos” resultantes dessa experiência de união da escola com a empresa! *Édson Raymundo Pinheiro de Souza Franco é um dos autores do ABMES Cadernos 26 que traz o tema “Pequenas e Médias IES – Tendências e Oportunidades”. Confira aqui a publicação na íntegra.