Valmor Bolan
Doutor em Sociologia e Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá
***A Câmara dos Deputados está votando o Plano Nacional de Educação, aprovado por inteiro, mas faltando deliberar os destaques. Dos vários pontos apresentados como diretriz para a educação brasileira nos próximos dez anos, ressaltamos a importância dos 10% do PIB para a educação, para garantir assim o financiamento de investimentos tanto em infraestrutura quanto em profissionais, principalmente na rede pública de ensino. Penso que este ponto é um dos mais importantes, praticamente aprovado pelos deputados e senadores, pois com isso asseguramos um investimento maior, inclusive quando o governo espera viabilizar a escola de período integral, desde o ensino fundamental.
Quanto ao período integral, o tema ainda merece reflexão, pois não podemos delegar tudo ao Estado, e especialmente na fase da primeira infância. O Estado não pode substituir o papel educador dos pais. O tempo integral tem que ser um axioma, isto é, uma política de Estado. Não pode ser alterada pelos governos. Sua aplicação deve ser feita ouvindo a comunidade, especialmente os pais, que devem em cada região do país participar de sua implementação. O princípio é válido. Sua implementação e modo de aplicação deve respeitar as características econômicas, culturais e sociais de cada região deste imenso país.
De qualquer forma, é um passo relevante que o Plano Nacional de Educação esteja sendo debatido e votado, pois assim poderemos ter mais claramente as metas e diretrizes, e com isso fazer com que o Brasil realmente seja um País emergente, com a disposição de fazer a prioridade em educação deixar de ser uma boa intenção para se tornar uma realidade factível.
O que não podemos permitir é a ideologização da educação, pois cada escola deve ter autonomia para escolher seus princípios e métodos educacionais. O estado não pode determinar tudo, é necessário uma flexibilidade nesse sentido, para que cada escola tenha garantida sua autonomia. E precisamos também garantir (caso se aprove mesmo que os recursos aprovados - 10% do PIB) que eles cheguem até a escola (ao chão da escola), não apenas em investimentos de infraestrutura, mas principalmente em recursos humanos, com a valorização dos profissionais em educação, de modo especial, os professores. E, por fim, que a destinação dos 10% do PIB não seja reenviada para as calendas gregas, isto é, jogada para a frente, como só acontece com os nossos governantes, que anunciam maravilhas e não as aplicam.




