Paulo Sá
Coordenador do curso da Faculdade de Medicina de Petrópolis
***A medicina precisa estar mais conectada com a sustentabilidade. Há mais de uma década seguimos fazendo essa retórica e, aos poucos, ela vem sendo assimilada pela comunidade acadêmica. A educação ambiental ganha espaço em todos os níveis, mas não significa que ela será assimilada. É preciso um trabalho contínuo, do ensino básico à faculdade.
No caso de um curso de medicina, a relação com o meio ambiente, com a vida, deveria ser natural. Nem sempre é assim que funciona na nossa sociedade capitalista. É preciso trazer o aluno para a reflexão sobre que sociedade busca construir no futuro. Hoje, uma minoria, que vem crescendo, se conscientiza de que o dinheiro não é a única mola mestra.
O contato do aluno com a saúde pública o ajuda a ter outra visão da realidade. No primeiro momento, a tendência é achar que o problema é daquela localidade pobre, das pessoas que ali vivem e do governo. Muitos têm um impacto que nunca conheceram, custam a entender que o problema é também deles, como cidadãos e futuros médicos. Com o tempo, a ficha cai e começam a ver a importância que têm quando podem transformar a realidade local através da saúde.
Questões como saneamento básico e reciclagem de lixo estão ligadas à saúde. Assim como a preservação das encostas, tema tão caro na nossa serra fluminense. Respeitar o próximo e o ambiente é fundamental, especialmente para um futuro profissional de saúde.
As instituições também precisam dar o exemplo, ao optar pela sustentabilidade na prática cotidiana. Agora mesmo, a Faculdade de Medicina de Petrópolis está construindo um novo anexo com salas de aula projetadas dentro de parâmetros sustentáveis, com o reaproveitamento de água, ventilação natural e uso da luz solar. A construção terá áreas de convivência em telhado verde, para a circulação de pessoas e das ideias.
O projeto arquitetônico contribuirá para o reforço da conscientização ambiental dos próprios alunos. Temos orientações de educação ambiental em cada programa do curso e, aos poucos, elas vão sendo assimiladas. Com o novo campus, reforçaremos a importância de um mundo sustentável, pensado em outras bases e mais humano.
Acreditamos que as pessoas devem fazer a reflexão sobre de que maneira podem ser verdadeiramente felizes e livres, com autonomia. É preciso responsabilidade na construção dessa liberdade, sem individualismos e egoísmos. Nessa receita, a felicidade é o melhor remédio. O resto é desdobramento.




