A utilização do computador integrada a softwares educativos não garante uma adequada utilização desta tecnologia como ferramenta pedagógica. O fato de um professor estar utilizando o computador na sua aula não significa, necessariamente, que esteja aplicando uma proposta inovadora. Muitas vezes esta aula é tão tradicional quanto uma aula expositiva com a utilização do giz (Tarja, 2000).Com isso a autora mostra que não basta apenas uma ferramenta de multimídia em sala de aula para que um professor deixe de usar o ensino tradicional, más é necessário que este use recursos inovadores e saiba como transmitir o ensino de forma clara e coeso para que ensino deixe de ser tradicionalista. O objetivo deste artigo é fazer uma revisão bibliográfica sobre a EAD como modalidade de ensino superior, seu perfil histórico e sua evolução. 1.1 COMO DEFINIR A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA? A Educação a Distância é vista por muitas pessoas como uma alternativa educacional voltada para pessoas que não tiveram oportunidade e/ou “competência” para ingressar no ensino presencial, no entanto esse pensamento é equivocado, pois a EAD é mais que uma estratégia educacional é um recurso tecnológico voltado para a educação social, onde estudante e professor comunicam-se em ambiente virtual, pondo em prática os princípios e teorias educacionais a cada curso em vigor. Para Chaves (1999), a EAD é simplesmente o ensino que ocorre quando o docente e o discente estão separados ou no tempo ou no espaço, sendo essa barreira superada através do uso das (TICs). Analisando essa forma de pensar a EAD pode ser considerada como uma modalidade de ensino que veio para romper as barreiras e os paradigmas existentes na educação tradicional. Nunes (1994) vê a EAD como um recurso de fundamental importância à atual sociedade, pois só ela poderá suprir a falta física de instituições com cursos superiores, e isso acontecendo favorecerá a sociedade, tornando-a atualizada. Assim sendo, essa modalidade de ensino torna-se diferenciada, pois dessa forma o número de alunos que poderão ingressar em um Curso Superior aumentará de forma significativa e o mais importante sem riscos de reduzir a qualidade do ensino, tendo em vista o aumento da clientela atendida. Para Aretio (1995):
A EAD é vista como Um sistema tecnológico de comunicação bidirecional, onde esse sistema substitui o contato físico entre o professor e o aluno, optando preferencial pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos tecnológicos e didáticos e pelo apoio de uma organização e tutoria, que possibilitam a aprendizagem independente e flexível dos alunos por meio do ensino aprendizagem.Compreende-se dessa forma, que o Ensino-Aprendizagem é um ótimo recurso para o desenvolvimento intelectual do ser. Por que este estimula a criticidade, a objetividade de aprender a relevância dos conceitos e princípios éticos e morais e a subjetividade do aluno aprender a respeitar regras, se socializar e ser cidadão solidário. 1.2 A EVOLUÇÃO DA EAD NO ENSINO SUPERIOR Historicamente a EAD surge com a invenção da imprensa na Alemanha por Johannes Gutemberg durante o século XV, ganhando reconhecimento em todo o mundo e é por isso que vários pesquisadores afirmam que o crescimento da EAD no mundo se deve principalmente ao país da França, Espanha e Inglaterra, pois eram nesses países que tinham os centros educacionais mais desenvolvidos daquela época. No entanto só em 1833 na Suécia que realmente é comprovado a existência da modalidade de Ensino a Distancia por meio de correspondências, essa, foi desenvolvida tendo em vista o anseio e o desejo das pessoas em ter um preparo profissional e cultural significativo, pois essas, devido a vários motivos não podiam frequentar uma instituição de ensino superior presencial. A evolução da Educação a Distância deu-se graças às tecnologias existentes em cada fase histórica, as quais influenciam o ambiente educativo e a sociedade. Para (ALMEIDA, 2002), a educação é simplesmente a prática contínua de se passar e receber informações, que vão se construindo ao longo do tempo, influenciando o homem, ajudando-o a desenvolver o meio em que vive. Nesse contexto é possível notar que a sociedade e suas tecnologias passam constantemente por mudanças, e essas mudanças são percebidas em todos os setores principalmente no educacional que desde 1833 passa constantemente por alterações em seu sistema. E é no ano de 1856, na cidade em Berlim, que o inglês Gustav Langenscheidt e Charles Toussaint criaram a primeira escola por correspondência voltada ao ensino de língua francesa por correspondência, logo em seguida no ano 1891, Thomas J. Foster criou o International Correspondence Institute (Instituto Internacional de Correspondência) em Scarnton na Pensilvânia, tendo como curso pioneiro medidas de segurança no trabalho de mineração. Neste mesmo ano por iniciativa do reitor da Universidade de Wisconsin em Chicago foi criado o departamento de ensino por correspondência a fim de ampliar os serviços de extensão universitária daquela instituição. No início do século XIX novas iniciativas surgem na modalidade de Ensino a Distância haja vista a considerável procura por parte da sociedade por uma educação de qualidade, e essas iniciativas foi responsável pela grande evolução da EAD, pode ser citado o melhoramento nos serviços dos correios, agilidade nos meios de transporte e, principalmente, o desenvolvimento das TIC’s voltadas ao campo educacional contribuíram para o “rumo” da EAD. Após a União Soviética desenvolver um método de ensino por correspondência em 1922 capaz de atender cerca de 350 mil alunos do seu país, a França cria em 1939 um sistema educacional postal para estudantes imigrantes. Tais mudanças foram resultados da primeira conferencia internacional em educação por correspondência realizada no Canadá em 1938, desde então, as instituições de ensino passaram a utilizar as novas tecnologias disponíveis a favor da educação à distância. Um dos recursos mais utilizados para o desenvolvimento da EAD foi o rádio, que passou a ser peça fundamental no ensino formal. Foi principalmente nos países da America Latina que o rádio se destacou na modalidade a distancia, pois esse rompia fronteiras que outros recursos antes usados em tal modalidade de ensino não o fazia. No início de 1980 educação a distância ainda “presa” nos matérias didáticos por escritos passa a usar como metodologia as transmissões via rádio, panfletos, televisão, e como novos recursos didáticos o videotexto, o computador e, mais recentemente, os recursos multimídicos que combina textos, sons e imagens em alta definição, assim como mecanismos capaz de gerar caminhos alternativos de aprendizagem (hipertextos, diferentes linguagens) e instrumentos para assimilação da aprendizagem com feedback imediato (programas tutoriais informatizados) entre outros. 1.3 O SURGIMENTO DA EAD NO BRASIL Para Ivônio Nunes (1992), no Brasil a Educação a Distância teve como marco inicial a criação do Instituto Rádio Monitor no ano de 1939 e o Instituto Universal Brasileiro em 1941. No entanto foi apenas em 1996 com a Lei n.º 9.394 imposta pela LDB, que a Educação à Distância passa a ser reconhecida como modalidade favorável ao sistema educacional brasileiro fazendo dessa forma o Ensino a Distancia ganhar um destaque enorme no setor educacional sendo possível a partir dessa, surgir cada vez mais o surgimento de grandes instituições de Ensino Superior, assim como, de instituições de ensino em geral, tanto no âmbito governamental quanto instituições privadas, podendo ser destacada como exemplo a Universidade de Brasília - UNB. Sousa (1994) destaca este processo da seguinte forma:
No final da década de 1970 com o surgimento da UNB o Decanato de Extensão dá origem aos cursos de extensão universitária à distância. Já em 1979 a 1985 foram produzidos cinco cursos", e ainda, "no dia 10 de abril de 1989, por ato do reitor, foi criado o Centro de Educação Aberta, Continuada e à distância - CEAD, vinculado à reitoria, tendo como principal objetivo ampliar e democratizar o acesso ao conhecimento.Ele ainda completa:
O CEAD fez e faz história. Muitas das quais jamais conheceremos. Refiro-me à história dos cerca de 53 mil estudantes que fizeram os cursos do CEAD ao longo desses anos. E também à dos nossos atuais dez mil alunos, espalhados no Brasil e até mesmo fora das nossas fronteiras.Essas experiências brasileiras, tanto publica quanto privadas foram muitas e representaram, nos últimos anos, a conscientização de grandes contingentes de recursos. Os resultados do passado serviram como base e exemplo, porém não o bastante para gerar um processo de fácil aceitação governamental e social da modalidade EAD no Brasil, entretanto, a nossa realidade já mudou e nosso governo criou leis e para a sua efetivação em todo o país. Pimentel (1995), afirma que é de forma incontestável que o que mais influenciou na difusão da EAD no Brasil foi a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em 1923, assim como a doação da mesma ao Ministério da Educação e Saúde em 1936. Foi por meio dessa doação que em 1937 houve a criação do Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação. A partir da década de 60 com a instalação de emissoras de televisão educativas em quase todo o país a Ead passa a ter caráter áudio visual e com a Portaria 408 imposta no ano de 1970 as emissoras comerciais de rádio e televisão tem a obrigatoriedade de fazer transmissão gratuita de programas semanais voltados ao ensino. Após esse decreto é iniciada em rede nacional os vários cursos no ensino a distância do Projeto Minerva, espalhando os cursos de Capacitação Ginasial e Madureza Ginasial. Um ano após surge a ABT (Associação Brasileira de Tele-Educação), que já organizava, desde 1969, os Seminários Brasileiros de Tele-Educação sendo que nos dias atuais esses são denominados de Seminários Brasileiros de Tecnologia Educacional, tornando-se a pioneira em cursos à distância, capacitando professores através de correspondência. Em 1996 a Lei n.º 9.394 da LDB, define que a Educação à Distância passa a ser encarada como modalidade aplicável ao sistema educacional brasileiro (Lei n.º 9.394/96). Dois anos depois o governo brasileiro regulamenta o Art. 80 da LDB que trata especificamente da Educação à Distância, através do Decreto n.º 2.494 diz que:
- O Poder Público deve incentivar o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância;
- A Educação a Distância organiza-se com abertura e regime especiais;
- A Educação a Distância terá tratamento diferenciado, que incluirá: custos reduzidos na transmissão por rádio e televisão; concessão de canais exclusivamente educativos; tempo mínimo gratuito para o Poder Público, em canais comerciais.
- Caberá à União regulamentar requisitos para realização de exames; para registro de diplomas relativos a cursos de educação a distância;
- Caberá aos sistemas de ensino normatizar a produção, controle e avaliação de programas e autorizar sua implementação;
- Poderá haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas;
- O Ensino a Distância desenvolve-se em todos o níveis e modalidades de ensino e de educação continuada;
- A Educação a Distância será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União;
Cursos na modalidade a distância que conferem certificado ou diploma de conclusão do ensino fundamental para jovens e adultos, do ensino médio, da educação profissional e de graduação serão oferecidos por instituições públicas ou privadas especificamente credenciadas para esse fim (...).Vendo dessa forma fica fácil observar que a EAD a partir desse decreto passa a ser reconhecida como uma modalidade de ensino onde a qualidade não deixa a desejar, e passa ser reconhecida e procurada por muitas pessoas que pensam em prosseguir em uma carreira profissional. Atualmente o marco da evolução da EAD esta relacionado ao desenvolvido das TICs, pois, desde o início do século XXI o avanço educacional tanto presencial quanto a distância gira em torno dessas tecnologias, sendo o computador o mediador entre professor/aluno. Surge a partir dai a EAD online onde o termo Ensino Aprendizagem torna-se cada vez mais frequente no cotidiano do que segundo Moran (2004) “educação online é definida como um conjunto de Ensino/Aprendizagem desenvolvidas por meios telemáticos como Internet, videoconferência e teleconferência”. É no ano de 2005 que o Ministério da Educação (MEC 2005), cria o Projeto Universidade Aberto do Brasil (UAB) que no ano de 2006 após disputar o Edital nº. 1, de 20 de dezembro de 2005, MEC/SEED, a Universidade Federal do Piauí (UFPI), em parceria com os Governos Federal, Estadual, UESPI, CEFET-PI e Prefeituras locais, cria o Projeto Centro de Educação à Distância (CEAD/UFPI). A UAB foi desenvolvida tendo em vista à expansão da educação superior, no âmbito do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação). O Sistema da Universidade Aberta do Brasil tem por base:
- A expansão pública do ensino superior;
- O melhoramento na estrutura das universidades, possibilitando sua expansão territorial;
- A avaliação da educação superior a distância por meio do ENAD, tendo por base os processos de flexibilização e regulação implantados pelo MEC;
- O estímulo à investigação e desenvolvimento na modalidade em educação superior a distância no País;
- Financiamento dos processos de implantação, execução e formação de recursos humanos em educação superior à distância.
É hora de acelerar a inclusão digital, pois a juventude brasileira precisa incorporar, ainda mais rapidamente, os novos modos de pensar, informar e produzir que hoje se espalham por todo o planeta (Revista Ensino Superior 2011).No modo de pensar da Presidente Dilma, é preciso levar em conta os avanços tecnológicos da sociedade no ensino, incorporando-os às metas do governo Federal nas ações da educação em todas as suas modalidades nos próximos anos. 2. Considerações finais A Educação a Distância não é uma nova modalidade de educação, porém vem sendo mais difundida no Brasil, especialmente, a partir dos anos 90. Inúmeras Instituições de Ensino Superior - IES já se credenciaram, junto ao Ministério da Educação e Cultura – MEC, para a oferta de Cursos nessa modalidade e a criação da Secretaria de Educação a Distância tem regulamentado e normatizado a prática da EaD. Este artigo buscou apresentar uma revisão histórica dos principais conceitos de EAD como modalidade de Ensino Superior, as principais experiências e como essa modalidade de ensino tem exercido um importante papel no processo de ensino aprendizado da sociedade atual. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. E. Incorporação da tecnologia da informação na escola: vencendo desafios, articulando saberes, tecendo a rede. In: Educação à distância fundamentos e práticas. Campinas: Unicamp, 2002. ARETIO García, Lorenzo. Educação a Distancia Hoje. Madrid: UNED, 1995 ARETIO, J. Un concepto integrador de ensenansa à distância. In: International Conference on Data Engineering, 8º, 1990. Caracas. Anais. Caracas: ICDE, 1990. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Decreto nº. 2.494, Brasília, 1998. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394 de 20 dez.1996. CHAVES, E. Conceitos Básicos: Educação a Distância. EdutecNet: Rede de Tecnologia na Educação, 1999. CIEGLINSKI, A. “Educação a Distância”. Revista Uol, Brasília, DF 2011. MEC/INEP, Censo Escolar 2009, Brasília, DF. MORAN, J. M.Tecnologias no Exercício da Gestão Escolar. São Paulo: Paulinas, 1998. MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 8a ed. São Paulo: Papirus, 2004. NUNES, I B. Noções de Educação à Distância. Revista de Educação à Distância nrs. 4/5, Dez./93-Abr/94 Brasília, Instituto Nacional de Educação à Distância. NUNES, I. B. "Pequena Introdução à Educação à Distância". Educação à Distância. n°. 1, junho/92, Brasília, INED, 1992. OLIVEIRA, D.A. As reformas educacionais na América Latina e os trabalhadores docentes. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. PIMENTEL, J. C.. História da EAD no Brasil, Porto Alegre, 1995. SOUSA, Maria de Fátima Guerra. Pequena bibliografia sobre Educação à Distância. In: Educação à Distância, v. 3, n. 6, Brasília, INED. 1994. TAJRA, S. F.Novas Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação. Florianópolis. 2001. http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=12743. 2011