Ronaldo Mota
Reitor da Universidade Estácio de SáProfessor aposentado da Universidade Federal de Santa Maria
***Os bonobos compõem a espécie Pan paniscus descoberta há menos de um século, sendo que até então eles eram confundidos indistintamente com os chimpanzés. Erroneamente, eram conhecidos como uma subespécie, denominada chimpanzé pigmeu ou chimpanzé anão ou grácil. Na verdade, ambos, o bonono (Pan paniscus) e o chimpanzé comum (Pan troglodytes), formam o gênero Pan. Um dos motivos da demora na descoberta da espécie foi que os bonobos eram desconhecidos, dado estarem todos concentrados somente no Zaire, África Central, mais especificamente na Reserva de Lomako.
Em termos de classificação de níveis de parentesco com os humanos, os bonobos são definitivamente nossos primos irmãos, sendo hoje considerados os animais mais próximos dos humanos. Seja pelo nível de compartilhamento de DNA ou pelas características mais assemelhadas em níveis de percepção, comportamento geral e habilidades. A característica que os bonobos têm particularmente desenvolvida é a empatia, ou seja, a capacidade de compreender o sentimento ou reação de outro indivíduo, imaginando-se nas mesmas circunstâncias.
Os bonobos se distinguem pela postura mais ereta do que os chimpanzés, constituem uma sociedade mais igualitária e matriarcal e apresentam uma atividade sexual própria, não existindo relação direta entre sexo e reprodução. Por sinal, o sexo tem um peso grande nas suas relações, em geral como elemento reconciliador, distinto da agressividade mais presente nos chimpanzés, sendo que a receptividade ao sexo transcende o período fértil e estando presente quase sempre ao longo de toda a vida adulta da espécie. Os bonobos costumavam ser chamados de “chimpanzés hippies”, em função da convivência pacífica e do comportamento sexual livre.
O que nós humanos temos a, humildemente, aprender com as demais espécies? Os bononos, por exemplo, podem ser interessante inspiração para algo essencial na educação dos dias atuais e que o ensino tradicional não tem conferido a devida atenção: a empatia. Educar, contemporaneamente, tem múltiplos objetivos, mas um deles é aumentar nossa capacidade de empatia, ou seja, tentar compreender sentimentos e emoções dos demais, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sentem outros indivíduos. Ao promovermos, pela educação, a empatia, queremos motivar que as pessoas se entendam; portanto, ao desenvolvermos o altruísmo, o amor e o interesse pelo próximo, dotá-las da capacidade de ajudarem umas às outras.
Ser empático é estabelecer afinidades por se identificar com os demais, saber ouvir, compreender os seus problemas e emoções e desta forma ser um melhor profissional, seja em que campo de atividade for. Educar, cada vez mais, agrega, em complemento ao conjunto de técnicas e procedimentos tradicionais, novas habilidades e competências que, por sua vez, demandam inteligências emocionais, capacidade de trabalhar em equipe e a especial disposição à compreensão de um mundo complexo e em permanente transformação.




