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A universidade burra

Notícias na Mídia

19/11/2014 05:18:03

Walcyr Carrasco Revista Época, publicado em 14 de novembro de 2014 ***
Falo por experiência própria: a universidade brasileira é burra. Não me refiro só às públicas. As particulares também. Sou da área de comunicações e artes, faço talvez uma ressalva quanto às de exatas. Mas, como são regidas pelas mesmas regras e pelo enorme contingente de acadêmicos, em sua maioria dedicados a escrever teses que ninguém lê, arrisco dizer que não há muita diferença. Tomei consciência disso há alguns anos, ao ler aqui e ali que este ou aquele escritor americano fora professor residente numa universidade, com cursos de escrita criativa. Nem todo escritor americano é best-seller. Muitos autores bons gramam com tiragens pequenas. Há essa válvula de escape, dentro do sistema universitário, que atrai profissionais do mercado para compartilhar suas experiências. Inicialmente, como sempre a gente faz, culpei o governo brasileiro, cujas leis provavelmente impediriam essa participação. Surpreso, por meio de conversas com docentes e diretores de universidades, descobri que a possibilidade existe. Alguém pode dar aulas numa universidade apenas por sua experiência. Chegaram a tentar, no Rio de Janeiro, com um ator famoso. Mas ouvi: – Essas pessoas não se adaptam ao esquema. Exato. Incomodam. O sistema universitário brasileiro é rançoso. As pessoas só ascendem por meio de trabalhos acadêmicos. Os outros incomodam. Fiz jornalismo na Universidade de São Paulo. Trabalhei nos mais importantes veículos da imprensa escrita deste país. Fui diretor de redação. Jamais fui convidado para dar um curso, ou workshop, em escolas de jornalismo. Também fiz carreira na televisão. Sou autor de novelas. Quem me conhece sabe que, graças a Deus, tenho emprego numa empresa que admiro, a Globo. E que minhas novelas fizeram sucesso aqui no Brasil e também em muitos países do mundo. Alguém me chamou para um curso de roteiro? Óbvio, não estou procurando emprego. Me surpreende esse desinteresse pelo que eu poderia oferecer. Só a própria TV Globo, por meio de seu programa de contato com as universidades, manifestou interesse. Dei uma palestra numa faculdade do Rio de Janeiro, particular. Não houve um minuto em que algum aluno não entrasse ou saísse. Em nenhum momento, um professor aconselhou a parar com aquele ir e vir. Perdi a concentração. Anos depois, um amigo e aluno me convidou para uma palestra em sua classe de teatro, numa universidade particular de São Paulo. Na sala, percebi que uma aluna estava com a filha de 4 anos. Primeiro, avisei que, se alguém saísse, não poderia voltar. Depois, pedi a saída da mãe com a criança, pois a discussão de algum tema poderia ser inadequada. A professora depois me agradeceu, porque a criança atrapalhava as aulas, que, em teatro, muitas vezes exigem leituras despudoradas. Mas não sabia como agir. Há um ano, uma grande faculdade particular, que cobra altas mensalidades, me convidou para dar uma palestra num festival de cinema. Perguntei quanto pagariam. A resposta foi que não havia verba para isso. Já dei palestras para alunos de escolas públicas sem pensar em grana. Certa vez, fui a um bairro de periferia, na divisa de São Paulo, onde o portão de ferro era trancado para evitar a violência das ruas. Jamais cobraria nada de uma população carente, desde que tenha agenda. Mas de uma faculdade caríssima? Expliquei: o cachê era uma questão de respeito. Desistiram de mim. Agora, vamos ver: quem são os mestres das grandes escolas de comunicação? Jornalistas que trabalharam em algum lugar há 20, 30 anos. Roteiristas fora do mercado. Gente que, reconheço, tem seu valor. Conhecem teoria, têm tempo para estudos aprofundados. E me desculpem as raríssimas exceções, que não conheço. Mas não pode ser só isso. A universidade se distancia da realidade do mercado de trabalho. Muitos conhecidos da área e eu sentimos que seria bom compartilhar nossa experiência, não pela grana, mas para exercer uma função social. Trocar. Formar. Não pretendo fazer uma tese, mas meu trabalho já não me habilita a dar aulas de roteiro? Se ambicionasse uma cátedra, teria de seguir todos os passos da burocracia acadêmica. Que, pior, entrega ao mercado gente absolutamente despreparada. Jornalistas que não escrevem, atores que não representam, roteiristas capazes de tão somente fazer uma linda tese sobre roteiros, como seus mestres. Os acadêmicos tremem diante da ideia de seus castelos ruírem. É burrice, deles e do sistema. Ninguém devia tremer, mas compartilhar.  

20/11/2014

Gabriel Mario Rodrigues

Walcyr Carrasco destaca de forma contundente em seu artigo o desinteresse das universidades em atrair profissionais do mercado para compartilharem suas experiências na sala de aula. Todos nós sabemos que a aproximação dos alunos com tais profissionais, ainda que não titulados, vai ao encontro de boas práticas aceitas em países desenvolvidos, com benefícios importantes para os cursos e para os alunos. Se nós estamos na contramão da história, a culpa não é só da resistência dos nossos dirigentes e docentes e do corporativismo nas universidades. José Zanini, o mestre da madeira, autodidata da arquitetura, e famoso em todo o mundo, sentiu na pele a resistência de docentes do curso de Arquitetura da Universidade de Brasília, ao ser contratado por Darcy Ribeiro como professor de maquete. Os problemas devem ser creditados também ao próprio Ministério da Educação que – diferentemente do que o Sr. Walcyr pensa – avalia com notas baixas as instituições que contratam profissionais do mercado em vez de professores titulados, jovens mestres e doutores com pouca experiência, situação esta que termina por gerar sanções administrativas. Desse modo, o próprio Ministério da Educação desestimula, com seus critérios avaliativos, a utilização de profissionais do mercado na composição dos corpos docentes das universidades, privilegiando, exclusivamente, os professores titulados, mesmo que sem atuação relevante no mercado. Em outras palavras, vale mais o papel que a experiência profissional. Se o MEC não mudar esse critério perverso, e se as universidades continuarem resistindo, nada vai mudar, infelizmente. Gabriel Mario Rodrigues Presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES)

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