![Edson Franco](http://blog.abmes.org.br/wp-content/uploads/2011/12/Edson-Franco-150x150.jpg)
Advogado, jornalista e professor universitário
Diretor-Geral da Faculdade de Estudos Avançado do Pará Membro do Conselho da Presidência da ABMES *** Três décadas passam rápido demais. A lembrança do primeiro encontro sempre fica retida na nossa memória e ela volta hoje como num filme em reprise. Eu estava nos meus primeiros tempos de uma faculdade recém-acreditada pelo Ministério da Educação (MEC), justamente nestas terras de confluência do Amazonas com o Atlântico, quando recebi a visita de um casal, também dirigentes de outra faculdade, localizada no Realengo, no Rio de Janeiro. Era um casal simpático que vinha me convidar para um encontro nacional, na Cidade Maravilhosa, a fim de constituir e implantar uma entidade associativa de instituições mantenedoras de ensino superior. Vera Gissoni e Paulo Gissoni colocaram, diretamente, as cartas na mesa, parecendo até um ato ensaiado. Eu não poderia recusar o convite. Sentia que estaria participando, naquele tempo, de um grupo de educadores empenhados em fazer grande o ensino superior particular no nosso País. Fui confiante, ainda em avião da Cruzeiro do Sul. Lá pelas tantas, já no Rio, no Museu de Arte Moderna, um dos participantes se mostrou interessado em dirigir essa entidade a ser criada. Gabriel Mario Rodrigues e eu almoçamos com Candido Mendes e a proposta da idéia foi apresentada. Num memorável jantar, na casa de Vera Gissoni, foi anunciada a indicação de Candido para presidir a entidade que, logo ao depois, foi chamada de ABM. Vera foi a verdadeira João Batista da que agora é a ABMES, para não confundir com outras entidades associativas. Foi difícil mudar o nome na nossa cabeça, mas mudamos e talvez hoje pouca gente ainda se lembre dessa primitiva marca. Nunca me esquecerei disso. Daí, a acompanhar as ideias de Vera foi uma consequência. Sofri com o sequestro que ela sofreu. Rezei por ela naqueles dias de terror e a receita que, na clausura forçada, ela prescreveu aos sequestradores, também nunca mais esquecerei. A receita foi simples: como se tira o gosto de queimado de um feijão que queimou? Perguntavam eles. “Coloque batata para ferver com o feijão queimado e verá que o gosto de queimado vai desaparecer”, disse ela, aos gritos, do quarto de presídio, mostrando a todos que nem assim, naquele sofrimento, ela abandonou a ideia de ensinar. Vera não foi apenas uma educadora idealista. Ela fez parte daqueles que trazem consigo o DNA de educadores com “E” maiúsculo. Nos primeiros tempos desses trinta e poucos anos, Candido, Vera e eu formamos uma trindade verdadeira.