Antônio de Oliveira
Professor universitário e consultor de legislação do ensino superior da ABMES (1996 a 2001)
antonioliveira2011@live.com
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A expressão mea-culpa advém de uma prece no início da cerimônia da missa, em latim: “mea culpa, mea culpa...” Fazer mea-culpa, então, significa admitir o próprio erro, a própria culpa. Confirma-o Miguel de Cervantes, para quem um bom arrependimento é o melhor remédio contra as doenças da alma. E quem não tiver telhado de vidro que atire a primeira pedra.
Alega-se que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Mas impressiona o fato de os governantes apartados da realidade não admitirem fatos visíveis, contra os quais se diz que não haveria argumento. E não é que há?! Pois há aqueles capazes de tapar o sol com a peneira. Os meios de comunicação mostram, diuturnamente, a situação precária, por vezes precaríssima, vivida por muitas de nossas comunidades. Em vão, na prática. Até quando? Há até quem pense: para sempre. Pois muitas autoridades, mesmo tendo olhos de ver, não se tocam.
Os Caras de Pau é o título de um filme nacional, de 2014, em que quatro trapalhões se envolvem em uma série de confusões na adaptação para as telonas do seriado homônimo da Rede Globo, que contou com três temporadas. Cara de pau pode ser expressão adequada também para designar o político fisiológico, vira-casaca, que muda de opinião de acordo com interesses e conveniências, que diz que não sabia de nada ou que não recebera denúncia formal, sem levar em conta que onde há fumaça há fogo. Políticos que têm a cara de pau de acobertar práticas abusivas e lesivas mantendo sempre no rosto uma expressão fria, de conduta ilibada e até de vítima. E assim roubam a cena. Coisa de novela. A propósito, lava a jato pode significar apenas lavar rápido, por alto. A Itália preferiu “Mani Pulite”, Mãos Limpas. O rei da Espanha veio a público, na véspera do Natal, propor cortar pela raiz o mal da corrupção em sua pátria. E havia acusação justamente contra pessoa da família real. Um exemplo a seguir. Digo, não o da corrupção, mas o do mea-culpa.




