Valmor Bolan
Doutor em Sociologia
Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá
Representa o Ensino Superior Particular na Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos do MEC
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O novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, que talvez preferisse o ministério da Cultura, em suas declarações iniciais chegou a falar sobre algumas questões, ao que duas merecem a nossa reflexão. Primeiro acena com a possibilidade de flexibilizar os currículos, na linha de controversas propostas pedagógicas, ainda discutíveis, pois, na prática, a experiência concreta apresenta ainda grandes desafios. A flexibilização dos currículos, que torne o aprendizado mais prazeroso e com maior participação dos alunos, tem uma visão mias democrática do processo pedagógico, mas em países desenvolvidos que fizeram experimentos mais radicais nesse sentido, trouxeram também outros problemas ainda não solucionados. O fato é que é um campo em aberto, e o Brasil precisa garantir uma boa formação de base, no Ensino Fundamental e Médio, para que o aluno não chegue ao ensino superior sem os pré-requisitos essenciais e necessários. Ao mesmo tempo, é necessário que haja terminalidade profissional, pelo menos no fim do Ensino Médio, sobretudo para que jovens que não pretendem realizar a faculdade possam se integrar ao mercado de trabalho. O que o ministro propõe certamente deveria ser objeto de ampla discussão com a sociedade, com os especialistas em Educação, antes que qualquer medida seja tomada nesse sentido.
Outro ponto levantado pelo ministro é o de que é preciso haver mais formação política nas escolas. Esse tema é delicado, tendo em vista a preocupação de muitos que acabe prevalecendo determinada doutrinação ideológica no contexto de uma sociedade plural, o que foi objeto de audiência pública recente na Câmara dos Deputados. A educação visa a formação geral da pessoa, e a experiência histórica mostra que a doutrinação política em escolas pode favorecer determinadas concepções, especialmente as que estão no poder. O que é necessária é uma formação cidadã para que o jovem possa exercer suas opções políticas na sociedade com independência e criticidade. Educação política não significa “fazer a cabeça” dos jovens e sim dar-lhes ferramentas para pensar autonomamente.
Todas estas propostas são válidas enquanto abertas à discussão, para que a sociedade faça a reflexão e faça o aprofundamento necessário. O fato é que precisamos estar sempre dispostos a novas possibilidades, diante dos desafios existentes a cada época histórica.




