Rafael Villas Bôas
Oi Paulo,
acredite se quiser, fui ler tua resposta ao meu artigo de maio apenas hoje.
Que bom que nossas visões são aderentes. As vezes me sinto pregando em um vácuo, quando escrevo. É importante ver que criamos significado e relevância. Principalmente junto a um cara como você.
Um forte abraço!
PAULO VADAS
Parabéns Rafael, tuas colocações, baseadas em dados estatísticos, são extremamente importantes e, para quem está ligado, de grande valia em relação à como pensar estratégias de matrículas na educação superior.
A miopia de mercado em relação ao nível superior brasileiro, focando como futuros clientes somente os recem egressos do nível médio, se tornou um paradigma perigoso no caminho da sustentabilidade das IES que não enxergam que o mercado para o terceiro grau é composto de toda a população que concluiu o nível medio, e não somente dos recem egressos. É uma população composta de alunos recem egresso do ensino médio e, tambem, de adultos que concluiram o ensino medio mas não ingressaram na educação superior, ou que entraram na educação superior mas não a concluiram.
As IES devem parar de pensar que quando falamos de "educação de adultos" estamos falando não somente de educação básica, no contexto da "Educação de Jovens e Adultos" - estamos falando tambem da educação de adultos no contexto da educação superior.
Reiterando teu aviso: "O número de alunos matriculados no Ensino Médio Regular vem caindo de modo linear todos os anos na última década. Por questões demográficas e sociais a taxa de crescimento negativo é espelhado nos últimos anos desse nível de ensino."
E tua sugestão: "Apenas 11,27% dos 110 milhões de brasileiros com 25 anos ou mais de idade possuem ensino superior e 24,56% possuem ensino médio completo e superior incompleto[7]. Um mercado de 27 milhões de potenciais universitários. Em um recorte conservador, são 81 milhões de pessoas entre 25 e 64 anos (ainda no mercado de trabalho). Um mercado de 23 milhões de profissionais aptos a ingressar na educação superior no próximo ano e muitas vezes fora do radar do planejamento estratégico da maior parte das mantenedoras brasileiras."
O que ainda não está bem resolvido no Brasil é como preencher as vagas deixadas pela evasão de alunos que se matriculam mas não concluem.
Quando voce diz que: "Muitas vezes o número de vagas ociosas em turmas de 2º, 3º e 4º anos equivale ao número de vagas ofertadas em processos seletivos de vestibular", isto dá a entender que a reposição de alunos é focada somente como resultado das matriculas globais do primeiro ano - os 2º, 3º e 4º anos vão perdendo alunos sem que haja reposição para esses anos. Isto acontece porque o modelo de oferta de cursos no Brasil continua fechado, baseado em matrículas por "pacotes" de turma/curso, e não individualizadas, baseadas em matrículas aluno/disciplina, como acontece nos sistemas por crédito.
Enfim, não é só o mercado que está sendo mal aproveitado. A falta de flexibilidade do modelo também contribui para a falta de crescimento linear das matrículas.