Tiago Thompsen Primo
pesquisador no centro de pesquisas da Samsung Brasil
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Plataformas para Educação Digital incorporam uma categoria de produtos ou serviços que contribuem por meio das tecnologias digitais com o processo de ensino e aprendizado. É uma das tendências a serem exploradas junto a ambientes de ensino onde educadores e alunos instrumentam-se com celulares, tablets, relógios inteligentes, notebooks e outros que ainda virão.
Essa é uma realidade presente e crescente em grande parte das escolas de hoje, seja em menor escala, como utilizando algum telefone celular, seja em maior escala, através de salas instrumentadas com televisores inteligentes, lousas digitais, computadores, tablets e câmeras que registram o andamento das aulas.
O desafio está em fazer o uso apropriado de todos estes recursos, com o objetivo de prover auxílio ao processo de ensino/aprendizagem através de serviços não intrusivos e personalizados, visando à adequação automática de conteúdos e atividades educacionais. Serviços estes que primem por não serem intrusivos e não impliquem em distrações ou perda do controle por parte do educador frente a seus alunos em sala de aula.
A vasta disponibilidade de conteúdos educacionais provenientes de fontes como YouTube EDU, Discovery Education ou repositórios educacionais abertos, sobrecarregam e criam desafios relacionados a recuperação e personalização de conteúdos e práticas educacionais. Tais desafios são reforçados, pois o conhecimento também é adquirido por estudantes fora do ambiente escolar, não se restringindo a aqueles pré-selecionados por educadores e sem nenhum processo de cura.
Podem-se citar exemplos de serviços não intrusivos e adaptativos para aprendizado personalizado que lidam com a sobrecarga de conteúdos educacionais, parte de empresas como Geekie, que foca na personalização de conteúdos educacionais visando compreender as necessidades de aprendizado de cada aluno; A proposta da Joystreet apoia-se no conceito da gamificação visando um aprendizado mais divertido e lúdico, ou as inúmeras iniciativas de MOOCs (Massive Open Online Courses).
Ainda assim, existem inúmeras possibilidades para pesquisa e desenvolvimento na área de plataformas para a educação digital, aplicando tecnologias de inteligência computacional para a compreensão automática das necessidades pedagógicas de educadores e alunos. Por exemplo, aspectos de ordem intangível podem ser utilizados para determinar o quão atentos estão os alunos em uma sala de aula? Qual seria uma atividade de avaliação apropriada para aprofundar e desenvolver determinadas competências específicas? Qual seria a melhor maneira de apresentar determinados conteúdos considerando que em uma turma de alunos os mesmos aprendem de maneira diferente? Como identificar o contexto de um aluno fora de sala de aula e sugerir alguma atividade complementar?
Tais questões passam a ser respondidas a partir do momento em que a coleta e armazenamento de dados e informações sobre o contexto destes alunos são incorporados a uma estrutura tecnológica. A viabilidade para isto se obtém nos dias de hoje pela presença e popularização de dispositivos móveis dentro e fora de sala de aula, que podem atuar como alternativa para esta coleta de dados e informações, bem como, podem atuar como um catalisador para o aprender, a qualquer momento e em qualquer lugar. Trazem também liberdade a estudantes e educadores em suas buscas por novos conteúdos educacionais, além, de identificar as interações realizadas junto a um conteúdo educacional.
As informações coletadas possibilitam identificar, por exemplo, que próximo ao caminho de casa existe uma exposição, uma livraria ou peça de teatro que aborde conceitos discutidos em sala de aula, ou ainda, identificar que um colega de classe tem facilidades em matemática e poderia ser um ótimo tutor ou dar suporte ao educador através da sugestão de conteúdos complementares e personalizados às características de sua turma de alunos. Alternativa seria medir o seu desempenho na realização de tarefas de avaliação e também identificando seus parceiros de estudos.
Para que cenários ubíquos de educação como os mencionados funcionem, devem-se considerar aspectos estruturais, como internet, servidores de armazenamento e eletricidade, bem como, aspectos regionais e contextuais, como qual o tipo de escola, qual o objetivo desta escola, o que é esperado dos alunos e para os alunos, quais as condições de trabalho dos educadores que são primordiais para que a educação possa evoluir na direção de modelos mais atrativos e interessantes às novas gerações de estudantes e educadores.
Não existe uma fórmula mágica ou poção de conhecimento. O que podemos contar é com observações sobre o atual modelo educacional, onde: salas de aulas repletas de alunos dificultam ao educador observar e perceber a motivação de seus alunos e cada estudante aprende de uma maneira diferente; o educador deixa de ser o principal detentor do conhecimento e passa a ser um catalisador para o aprendizado. Porém acredita-se que um processo gradual acrescentará ao modelo educacional subsídios que estimem o potencial que a tecnologia pode trazer ao processo educacional.




