Educação Superior Comentada | A adoção de novas tecnologias para a oferta de educação superior

Ano 2 • Nº 3 • De 1 a 7 de abril de 2014

A Coluna Educação Superior desta semana aborda as possibilidades que a adoção de novas tecnologias traz para a oferta de educação superior de qualidade.

07/04/2014 | Por: Gustavo Fagundes | 3233

A ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS PARA A OFERTA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE QUALIDADE

Foi realizado em Maceió/AL, nos dias 3, 4 e 5 de abril, o VII Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular – “Ensino Superior e Novas Tecnologias – Caminhos e Desafios”.

Seguindo o caminho traçado no evento anterior, realizado em Foz do Iguaçu, o congresso desse ano buscou despertar nos participantes a percepção de que o perfil dos alunos da educação superior está mudando com uma velocidade surpreendente, a partir do que se percebe claramente que, para atendimento educacional eficaz, esses estudantes demandam a incorporação dos avanços tecnológicos e a modernização das atividades educacionais.

O Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular no Brasil, organizador do evento, disponibiliza as excelentes apresentações dos palestrantes convidados para abrilhantar o evento ( http://www.cbesp.com.br/ ), de modo que recomendamos o acesso ao material disponível.

A maioria das palestras apresentadas indicou claramente a necessidade de incremento das atividades educacionais, com a adoção das novas tecnologias disponíveis, de modo a assegurar a efetividade do processo de ensino-aprendizagem, tornando-o realmente significativo para um perfil de estudante cada vez mais imerso na realidade tecnológica.

Decerto, propostas e ideias diversas foram apresentadas, com alternativas muito interessantes de incorporação das novas tecnologias à atividade educacional.

Mas alguns pontos foram consensuais, especialmente no que diz respeito à inadequação da utilização massiva, quase exclusiva, das aulas meramente expositivas, que, na contramão da modernidade, insistem em desconsiderar o estudante como a figura central do processo educacional.

Outros pontos consensuais dizem respeito à imensa gama de opções disponíveis para a modernização da atividade educacional, entre as quais podemos, a título de exemplo, mencionar as seguintes:

*Uso de metodologias ativas de aprendizagem;

*Estímulo à interdisciplinaridade e à transdisciplinaridade;

*Contextualização dos conteúdos e atividades;

*Utilização de mídias digitais e de suporte tecnológico; e

*Estímulo à aprendizagem independente.

Essas são apenas algumas das opções para a incorporação de novas tecnologias à atividade educacional e, neste ponto, creio ser relevante o registro de que a modernização da educação superior não precisa, exclusivamente, ter como foco a incorporação de novos equipamentos e mídias.

Embora essa alternativa seja importante, esta modernização precisa, imperiosamente, passar pela revisão da atividade educacional em si, a partir da percepção de que as premissas mudaram e, portanto, é preciso que a própria essência da atividade evolua.

Como regra geral, o modelo educacional que utiliza o professor como o centro da atividade educacional se mostra esgotado e inadequado para o perfil dos estudantes atuais.

Creio que a medida mais necessária para a efetiva modernização seja a mudança da percepção sobre o agente principal do processo educacional, devendo o estudante ser trazido para o centro dessa atividade.

Nesse aspecto, as apresentações realizadas foram praticamente unânimes, parecendo ser evidente que esta talvez seja a mudança mais premente, até porque é medida que pode ser adotada por qualquer instituição de ensino superior, desde uma pequena instituição isolada, até uma universidade de grande porte.

Aliás, uma parte considerável das atividades propostas como capazes de permitir a modernização da atividade educacional tem a característica de serem viáveis para a maioria das nossas instituições, pois dependem mais de vontade e evolução da percepção do processo de ensino-aprendizagem do que, necessariamente, da disponibilização de vultosos investimentos.

Por outro lado, reside exatamente neste ponto um inconveniente relativo dessa mesma gama de propostas, pois estão, praticamente todas elas, voltadas para a atividade do ensino, o que não esgota o compromisso educacional.

Evidentemente, o ensino é parte extremamente importante da atividade educacional e não deve nunca ser menosprezado, mas também não se pode olvidar que, em nosso sistema educacional, a educação deve atingir três finalidades essenciais e inafastáveis: 

*Pleno desenvolvimento do educando;

*Preparo do educando para o exercício da cidadania; e

*Qualificação do educando para o trabalho.

Não basta, portanto, incorporar tecnologias e medidas de modernização que se limitem a aprimorar o ensino, sendo fundamental que essa preocupação seja ampliada para atender, também, às atividades destinadas à formação e aprimoramento dos estudantes como cidadãos e seres humanos.

Ao preconizar que a educação tenha como objetivo a obtenção do pleno desenvolvimento do educando, parece evidente que o alcance da ideia é bem mais abrangente que o mero aproveitamento acadêmico, preconizando seu efetivo crescimento como ser humano, em todas as dimensões.

Inovar nas atividades ligadas ao ensino, sem sombra de dúvidas, é imperativo. Mas também é preciso inovar na aplicação do conceito amplo de educação, buscando o pleno atendimento de suas finalidades.

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Qualquer crítica, dúvida ou correções, por favor, entre em contato com a Coluna Educação Superior Comentada, por Gustavo Fagundes, que também está à disposição para sugestão de temas a serem tratados nas próximas edições.