Educação Superior Comentada | Políticas, diretrizes, legislação e normas do ensino superior

Ano 1 • Nº 14 • De 04 a 10 de junho de 2013

A coluna desta semana trata da necessidade de inovação da atividade educacional para atendimento adequado à geração digital

10/06/2013 | Por: Gustavo Fagundes | 2815

A NECESSIDADE DE INOVAÇÃO DA ATIVIDADE EDUCACIONAL PARA ATENDIMENTO ADEQUADO À GERAÇÃO DIGITAL

Este final de semana foi realizado, em Foz do Iguaçu/PR, o VI Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular – “Construindo Caminhos para o Amanhã”.

O evento, como seu tema sugere, teve como foco a necessidade de as instituições de ensino superior atentar para as mudanças que, a cada dia com mais velocidade, tornam obsoletas as práticas pedagógicas utilizadas.

Certamente, o Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular no Brasil, organizador do evento, vai disponibilizar as relevantes apresentações dos palestrantes convidados para abrilhantar o evento, valendo, desde já, recomendar o acesso ao material.

Todas as manifestações foram claras ao apontar para a necessidade premente de mudanças e inovações urgentes na atividade educacional, para que seja possível o atendimento adequado das demandas desta nova geração digital.

O diagnóstico é claro! Modernizar é preciso, e rápido!

Mas essa modernização deve ser efetiva, profunda e, sobretudo, adequada às expectativas dos jovens que estão acessando a educação superior na segunda década do século XXI.

Essa modernização não pode ser uma mera releitura de antigas práticas, como temos visto, por exemplo, na educação à distância, onde parte das metodologias adotadas é, na verdade, composta por variações dos processos adotados pelo longevo IUB – Instituto Universal Brasileiro, que nas longínquas décadas de 1970, enviava para seus alunos as apostilas e fitas K7 com as aulas gravadas.

Da mesma forma, não se vislumbra inovação efetiva na mera substituição dos livros impressos por livros virtuais armazenados em tablets, sem uma correspondente modernização das metodologias de ensino, pois o que ocorre, na verdade, nada mais é senão a redução do peso carregado rotineiramente pelos estudantes.

O uso dos tablets, nesse caso, não é resultado da exploração das possibilidades da revolução digital, mas sim um meio para reduzir peso e volume no material escolar transportado rotineiramente pelo estudante.

Registre-se, a bem da verdade, que nosso sistema de avaliação, que é tido como um dos mais modernos do mundo, não colabora para a modernização das práticas pedagógicas, pois, entre diversos indicadores de qualidade, exige a presença de livros impressos como referencial qualitativo, permitindo, apenas, uma pequena redução na quantidade desses na hipótese de disponibilização de livros virtuais.

Precisamos remover os entraves que impedem a necessária modernização as práticas pedagógicas, para que a educação, de fato, possa ser significativa para os estudantes da geração digital, abrindo para eles as portas de uma educação adequada às suas necessidades e coerente com seus legítimos anseios.

Também não é solução entulhar as instituições de ensino com gadgets tecnológicos, aplicativos mirabolantes e smartboards sem que haja uma efetiva qualificação dos docentes para adoção de metodologias de ensino que permitam a exploração da infinidade de novos recursos e possibilidades para a atividade educacional.

Com efeito, de que adianta essa inundação de novos hardwares e softwares educacionais, se, na prática, a imensa maioria da atividade educacional ainda é realizada sob a forma de aulas expositivas, com adoção de uma metodologia em que o docente ainda se coloca como o principal agente do processo de ensino-aprendizagem, quando a realidade do mundo atual exige, veementemente, que o estudante seja o protagonista do processo?

Não basta comprar novos equipamentos, instalar novos aplicativos e colocar os conteúdos no mundo virtual.

É necessário inovar na metodologia de ensino, trazendo o estudante para o foco principal do processo, fazendo-o assumir o papel de protagonista, de condutor de seu crescimento e amadurecimento intelectual, e estimulando nossos docentes a assumir, sem constrangimentos, o papel de catalisador deste processo, deixando de lado a vetusta postura de mero transmissor de conhecimentos.

O diagnóstico está feito, como podemos concluir pelas apresentações dos palestrantes que enobreceram o VI Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular.

Agora, precisamos partir para a ação! Ou melhor, para a inovAção!

Parafraseando o grande Odorico Paraguassú, agora que já identificamos a problemática, passemos à solucionática.

Espero que o VII Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular seja profícuo na apresentação de propostas efetivas para a inovação da atividade educacional, permitindo, com isso, que a educação superior recupere, com urgência, sua vocação para a formação da liderança intelectual, profissional e tecnológica do País.

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Qualquer crítica, dúvida ou correções, por favor, entre em contato com a Coluna Educação Superior Comentada, por Gustavo Fagundes, que também está à disposição para sugestão de temas a serem tratados nas próximas edições.