CUMPRIMENTANDO OS PROFESSORES PELO DIA 15 DE OUTUBRO
Não poderia deixar de apresentar meus sinceros cumprimentos a todos os professores pelo dia 15 de outubro, data que, em qualquer país sério e comprometido com educação de qualidade, seria de intenso júbilo.
Infelizmente, não é esta a nossa realidade...
A leitura dos noticiários recentes é pródiga em notícias que causam o justificado enlutamento de todos que, verdadeiramente, acreditam na educação de qualidade como melhor forma de promover inclusão social e desenvolvimento nacional.
O descaso e o desrespeito com que são tratados os principais responsáveis, ao lado das famílias, pela qualidade de nossas próximas gerações, trazem angústia e profunda incerteza quanto ao futuro da Nação.
E não venham dizer que este tratamento descabido é apanágio exclusivo da atuação dos gestores públicos.
No segmento privado, tem sido comum a dispensa de docentes que buscaram sua qualificação em programas de pós graduação stricto sensu, em nome de uma questionável “redução de despesas”.
Mas é no segmento público que este descaso fica mais evidente e preocupante, pois o péssimo tratamento dispensado aos professores atinge, justamente, a etapa mais importante da educação de nossas crianças e adolescentes, as fases da educação básica.
Comprometida a qualidade da educação básica, o que temos visto com o ENADE é, principalmente, o resultado da falta de investimento e, sobretudo, de gestão, na educação pública.
Em virtude disto, o MEC exige das instituições de educação superior a realização de atividades de nivelamento, impondo-lhes a obrigação de suprir uma lacuna deixada na formação dos alunos exatamente pela péssima qualidade da educação básica na rede pública.
Chega a parecer intencional, para colocar o ensino superior privado “na berlinda”, como se o segmento fosse o principal responsável pelo desempenho dos estudantes no referido exame.
Os mais antigos devem sentir saudades dos tempos em que os professores eram realmente respeitados e valorizados, como acontecia, por exemplo, durante a vigência da Constituição Federal de 1946, cujo artigo 203 previa que nenhum imposto poderia incidir, diretamente, sobre a remuneração dos professores, verbis:
“Art 203 - Nenhum imposto gravará diretamente os direitos de autor, nem a remuneração de professores e jornalistas.” (grifamos).
Bons tempos aqueles, onde a relevância dos professores era reconhecida, inclusive, pelo legislador constitucional!
Infelizmente, a realidade atual é muito distinta, sendo os professores tratados como uma profissão menor que algumas outras, quando, na verdade, sua atuação é indispensável para a formação de qualquer profissional cuja formação exija conhecimentos teóricos e práticos sistematizados.
Evidentemente, se é verdadeira a premissa de que os políticos temem a ida da população às ruas para protestos legítimos, não é menos verdadeira a premissa de que governos autoritários temem, ainda mais, uma população verdadeiramente educada e consciente de seu papel na vida da Nação.
Isto, certamente, explica o descaso com que os professores, assim como a própria Educação, vem sendo tratados na última década.
Todavia, a ideia desta coluna era prestar uma homenagem, justíssima, aos professores, de modo que finalizo o texto apresentando meu profundo respeito e admiração aos verdadeiros educadores, que lutam incessantemente pela educação de qualidade, mesmo sabendo que estão remando em sentido contrário à atuação do Poder Público neste momento.
E, mais uma vez, pedindo uma licença poética, desta feita ao impagável Caco Antibes, hilário personagem do extinto humorístico Sai de Baixo, encerro, pedindo, encarecidamente:
Por favor, salvem a professorinha!
Qualquer crítica, dúvida ou correções, por favor, entre em contato com a Coluna do Gustavo, que também está à disposição para sugestão de temas a serem tratados nas próximas edições.