Detalhe

Comissão mista aprova medida provisória que altera regras do Fies

08/11/2016 | Por: Agência Senado | 3077
Pedro França/Agência Senado

A comissão mista criada para analisar a Medida Provisória 741/2016, que transfere da União para as instituições de ensino superior a obrigação de remunerar os bancos pelos custos decorrentes da concessão do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), aprovou nesta terça-feira relatório favorável à aceitação da MP.

Com a decisão, a MP segue agora para votação nos Plenários da Câmara dos Deputados e do Senado. Se a tramitação não for concluída até o dia 11 de novembro, o texto perderá a validade.

De acordo com a lei que criou o Fies, os bancos devem ter remuneração correspondente a 2% do valor dos encargos educacionais liberados.

A intenção do governo federal é aperfeiçoar o financiamento estudantil a partir de uma maior participação das instituições privadas de ensino beneficiadas. Antes da edição da MP, os bancos eram remunerados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional (FNDE), o que deixará de ocorrer. Para o Executivo, a instituição de um modelo de financiamento estudantil com mais participação das faculdades beneficiadas no custeio do programa vai fortalecer o Fies.

O governo estima que a mudança trará a partir de 2017 - se mantido o atual número de contratos (731 mil) - uma economia anual da ordem de R$ 400 milhões para os cofres públicos, segundo o relator da medida provisória, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO). Ele acrescentou que os recursos poupados poderão ser revertidos em favor de outras ações educacionais.

Segundo o senador, o Fies já é o item de maior desembolso federal em educação, chegando a representar 15% de toda a despesa da União na área. Em 2015, o investimento foi de R$ 17,8 bilhões e a previsão para este ano é de investir R$ 18,7 bilhões no programa. Como o retorno do capital emprestado demora, a medida será bem-vinda, disse.

A mudança passou a valer a partir do segundo semestre de 2016.

Emendas

Ataídes acatou emendas de parlamentares para prever que a taxa de remuneração transferida às instituições de ensino superior não seja, por nenhum meio ou subterfúgio, repassada aos alunos a qualquer título. Quem ferir essa determinação será enquadrado na lei de crimes contra a economia popular (Lei 1.521/1951), podendo ser condenado a pena de seis meses a dois anos de prisão, mais multa.

Durante os debates, o deputado Pedro Uczai (PT-SC) acusou o governo de, com a mudança, promover a concentração de recursos do Fies nas grandes instituições de ensino. O deputado acrescentou que esses grandes grupos estão formando oligopólios, que fragilizam os concorrentes de menor porte e posteriormente terminam por comprá-los.

Por isso, observou, o tema deveria ser objeto de mais discussão.

- De cada R$ 100, R$ 40 vão para apenas quatro grandes instituições. O Fies vai ser o grande financiador do setor privado no país – lamentou Pedro Uczai.

Ataídes divergiu da interpretação de Uczai e disse que não há fundamento em sua acusação.


Conteúdo Relacionado

Notícias

Senado torna faculdades responsáveis por despesas do Fies com bancos

O texto foi votado nos mesmos termos da Câmara dos Deputados e vai à sanção presidencial

Deputados aprovam mudanças nas regras de financiamento do ensino superior

Agora as faculdades privadas são responsáveis pelo pagamento de taxa devida aos bancos atuantes como agentes financeiros do Fies

Deputados aprovam mudanças nas regras de financiamento do ensino superior

Agora as faculdades privadas são responsáveis pelo pagamento de taxa devida aos bancos atuantes como agentes financeiros do Fies

Número de pedidos para renovar contratos chega a 1.070.306

A expectativa é de que aproximadamente 1,5 milhão de contratos sejam renovados. Prazo termina em 15 de dezembro

Fies prorroga para 15 de dezembro o prazo para renovação de contratos

O período inicial para realizar os aditamentos referentes ao segundo semestre de 2016 terminaria nesta segunda-feira, 31.