A conclusão do ensino superior é um dos fatores que mais impacta no aumento de salário dos profissionais que estão no mercado. Em 2014, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE), ao comparar quem tem graduação com aqueles que só possuem ensino médio, 40% dos que concluíram o ensino superior ganhavam de dois a cinco salários mínimos, enquanto que do total daqueles que cursaram apenas o ensino médio, 29% estão nessa mesma faixa salarial. A pesquisa também aponta que 36% dos graduados possuem remuneração acima de cinco salários mínimos. Esse patamar só foi alcançado por 7% daqueles que possuem somente o ensino médio. Esses dados mostram que há maior concentração de pessoas que ganham de dois a cinco salários mínimos - ou acima de cinco - entre os concluintes do ensino superior, em detrimento da população que concluiu apenas o ensino médio, onde há maior predominância da faixa de até dois salários mínimos.
Essas e outras informações fazem parte da análise de cenário realizada pela Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), em parceria com a Educa Insights, que retrata um perfil macro, de 2009 a 2015, dos “Egressos do Ensino Superior no Brasil”. O levantamento foi feito com diversas fontes de dados, entre elas informações do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), do Censo da Educação Superior 2015 e do IBGE, além de dados inéditos coletados em pesquisa primária.
O diretor presidente da ABMES, Janguiê Diniz, anuncia que a análise é a primeira de uma série de estudos que serão realizados pela Associação em 2017 dentro das estratégias para o desenvolvimento do setor educacional particular. “Nós, da ABMES, daremos nossa contribuição por meio de várias ações, entre elas o levantamento de informações relevantes sobre educação e mercado de trabalho, com foco no entendimento das principais necessidades do ensino superior brasileiro”, ressaltou.
Cenário
O estudo aponta uma média na conclusão do ensino superior entre 2010 e 2015 de 42% do total de ingressantes. Do total de alunos que entraram em bacharelados no ensino superior em 2012, por exemplo, 42% concluíram os cursos em 2015, enquanto que 44% dos que entraram em 2010 se formaram em 2013. Essa conversão mostra um cenário preocupante, uma vez que mais da metade dos ingressantes demoram mais que o tempo médio de conclusão do curso ou, simplesmente, abandonam a graduação.
Com relação ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), a análise aponta que, em 2015, quase 22% dos egressos do ensino superior no Brasil eram alunos beneficiários do programa. Esses alunos ingressaram por meio do Fies em 2012, ano com aumento significativo do número de vagas em relação a 2011, e começaram a concluir seus cursos há dois anos. Em 2010, o Fies contava com 76 mil novos contratos e aumentou de forma agressiva, chegando, no seu auge, a ofertar 731 mil novos contratos em 2014. Porém, a crise no País e as mudanças no financiamento estudantil foram responsáveis pela queda do número de contratos em 2015, montante que foi reduzido para 315 mil. Estima-se que, nos próximos anos, a representatividade do Fies aumente no volume de concluintes dado a expansão agressiva de novos contratos do financiamento no período de 2012 e 2014.
O estudo também traça as mudanças e permanências do perfil dos concluintes entre 2014 e 2016, baseado tanto nos dados do Enade, como nos dados coletados em pesquisa. Percebe-se que grande parte das características dos egressos, como empregabilidade, idade, classe socioeconômica, entre outros se mantiveram entre os anos. Uma das mudanças, porém, é que, até 2014, havia uma predominância das mulheres dentre os concluintes, fator que foi equilibrado nos anos atuais.
Ao quebrar os dados regionalmente, percebe-se que grande parte dos concluintes está concentrada na região Sudeste, acumulando 49% do total de egressos do Brasil. Essa concentração é explicada não só pelo volume populacional, mas também pela penetração do Ensino Superior (número de matrículas totais de 2015 dividido pelo número pela população de 18 a 24 anos) na região, que, apesar de ser somente a terceira do Brasil, fica acima da média nacional.
A pesquisa também mostrou diferenças relevantes entre os alunos que estão nos últimos anos de curso e os estudantes dos períodos mais iniciais. Destaca-se que entre os concluintes há maior predominância dos alunos que levaram mais tempo para entrar no ensino superior após o término do ensino médio. Os dados mostram que 75% dos concluintes levaram mais de um ano para iniciar uma graduação enquanto nos alunos de semestres mais iniciais, somente 63% possuem essa característica. Esse dado pode ser explicado pela tomada de decisão do curso e instituição de ensino de forma mais madura pelo aluno que levou mais tempo para ingressar no ensino superior.
No que diz respeito a relação egressos versus mercado de trabalho, percebemos que a demanda por profissionais de engenharia e negócios é maior que o volume de egressos. Esses desbalanceamentos causam, como mostrado no estudo, aumentos salariais, evidenciados especialmente na área de engenharia.
Finalmente, a análise também confirma a importância do setor privado no Brasil. Do total de alunos egressos do ensino superior, entre 2010 a 2015, 80% saíram de Instituições de Educação Superior (IES) particulares, contra 20% das instituições públicas. Ao comparar os números com os percentuais de ingressantes, divididos em instituições públicas e particulares, percebemos que há pouca diferença entre a taxa de retenção entre as duas categorias administrativas, sendo que 82% dos ingressantes do Brasil se matriculam em instituições particulares.
Com esse macro estudo, que aborda diversos aspectos da vida do egresso, a ABMES objetiva auxiliar cada vez mais os associados a compreenderem melhor os fatores que levam o aluno a concluir seus cursos superiores e, consequentemente, melhorar a educação superior brasileira.
Os associados da ABMES podem ter acesso aos dados com exclusividade. Para fazer o download da análise setorial “Egressos do Ensino Superior no Brasil” clique aqui.