Com o redimensionamento do Fies, financiamento estudantil do governo federal, as instituições de ensino superior entraram em guerra de preço e o valor das mensalidades dos cursos presenciais caiu 5,6% entre 2016 e 2017. Nos cinco anos anteriores, período que coincide com o boom do programa, as mensalidades acumularam uma alta de 22%. Os dados são do estudo anual da consultoria especializada em educação Hoper.
"As instituições diziam que não entrariam em guerra de preço, mas o fato é que há sim. O problema é que as escolas estão ofertando tantos descontos que perdem seu referencial e têm dificuldades para voltar ao patamar real", disse Paulo Presse, consultor da Hoper. Ele contou que as promoções têm sido tão exageradas que a própria consultoria teve dificuldades para mensurar o tíquete médio do setor. Em 2017, o valor médio da mensalidade da graduação presencial é de R$ 778,96.
No ensino a distância, a queda nas mensalidades foi ainda mais expressiva, com uma redução de 9,5% para R$ 279. Porém, nesse caso, o motivo não foi o Fies, uma vez que não há crédito para essa modalidade. A baixa é explicada pela entrada de novas faculdades no segmento e ganhos de escala obtido pelos grandes grupos.
Ainda de acordo com levantamento da Hoper, o setor de ensino superior privado encerrou o ano passado com uma receita líquida de R$ 55 bilhões um aumento nominal de 12% e alta real de menos de 1%, considerando um IPCA de 10,67% apurado em 2016.
Da receita total do setor, 34% está concentrada nas mãos de 12 grandes grupos educacionais Kroton, Estácio, Unip, Laureate, Ser Educacional, Uninove, Cruzeiro do Sul, Anima, DeVry, Unicesumar, Ilumno e Grupo Tiradentes (ver ao lado). Essas instituições conseguiram crescer muito mais do que seus concorrentes. Em 2015, o volume de matrículas presenciais nos grandes grupos subiu 4,2%? enquanto nas faculdades menores, a variação foi metade.
A Hoper projeta encerrar o ano com 7,8 milhões de universitários matriculados em faculdades privadas e públicas, o equivalente a uma queda de 2% em relação a 2016. Do total de alunos, 5,8 milhões estão em instituições particulares.
Para 2019, as expectativas são mais otimistas, com previsão de crescimento de 4% para 8,2 milhões de universitários. "Nossa expectativa é que as instituições menores vão continuar com a guerra de preço até o começo do ano de 2018, mas numa intensidade bem menor com as perspectivas de melhora no setor", disse Presse. O consultor da Hoper lembra que existem pouco mais de 2 mil instituições privadas de ensino superior e que 1,4 mil delas são pequenas, com menos de 1,5 mil alunos.