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10º CBESP: Carta de Gramado - Uma agenda para o futuro

27/05/2017 | Por: Fórum | 3960

 

10º CONGRESSO BRASILEIRO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR PARTICULAR

CARTA DE GRAMADO

UMA AGENDA PARA O FUTURO

 

O momento de encerramento do 10º Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, promovido pelo Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular e realizado nos dias 25, 26 e 27 de maio de 2017, em Gramado/RS, se apresentou como uma oportunidade ímpar para discutir o que o futuro reserva para a sociedade brasileira e, em especial, para as instituições particulares de educação superior, aqui reunidas.

Organizou-se o documento final em cinco grandes temas – inovação, sustentabilidade, qualidade, acessibilidade e relevância social, temas estes intensamente debatidos nos três dias de Congresso. São temas fundamentais para o crescimento sustentável das IES brasileiras, e, a partir das ricas contribuições de palestrantes e congressistas, está sendo oferecida uma proposta-síntese como agenda para o futuro do nosso segmento.

No aspecto inovação, aprendeu-se durante o Congresso que a tecnologia pode ser vista como aliada, e não como inimiga. As empresas e instituições de educação superior devem ser estimuladas a se unir para pesquisar, analisar, refletir e desenhar cenários de curto, médio e longo prazos, de forma a lidar com os impactos que começam a ser sentidos. Em especial, foram apresentadas as seguintes sugestões:

  • Incentivar a formação de ecossistemas e redes de inovação e cooperação entre as IES nacionais e internacionais;
  • Estimular a formação e capacitação de professores para atuação em ambientes digitais, incluindo nos currículos dos cursos de Licenciatura o ensino das novas tecnologias da informação e da comunicação;
  • Disseminar o uso e a aplicação de novas tecnologias de ensino-aprendizagem, reconhecendo e valorizando as diferenças individuais dos alunos;
  • Reavaliar os currículos tradicionais, dando maior ênfase à multidisciplinaridade e às habilidades socioemocionais dos alunos, os chamados “soft skills”.

No campo da sustentabilidade, debateu-se como as IES vão sobreviver e prosperar em um ambiente de crescente competição. Foram recomendadas, nesse aspecto, as seguintes linhas de ação para as IES:

  • Desenvolver e implantar modelos mais eficientes de gestão, com ênfase na racionalização de custos, no uso de plataformas tecnológicas e no poder das mídias sociais;
  • Capacitar os gestores para aplicação de novas ferramentas gerenciais;
  • Incentivar a busca de fontes diversificadas de receitas, principalmente no caso das pequenas e médias IES, mais impactadas pela concentração de mercado;
  • Buscar financiamentos estudantis próprios ou mediante convênios com instituições especializadas, de forma a suprir a carência resultante da eventual redução dos financiamentos públicos;
  • Adotar modelos éticos e transparentes de governança corporativa, em linha com os novos tempos do País.

Quanto à qualidade, entendida como sendo a oferta de produtos e serviços alinhados com as demandas da sociedade, percebeu-se que esta será não apenas mais um diferencial, mas também uma condição necessária para o sucesso das organizações educacionais do futuro. Para isso, as IES serão desafiadas a dedicar atenção crescente à formação acadêmica de seus alunos, por meio das seguintes linhas de ação:

  • Desenvolver currículos modernos e sintonizados com as demandas do Século XXI, com foco no aluno, garantindo a formação de cidadãos críticos, participativos e conscientes da realidade social;
  • Aumentar o engajamento dos alunos em sala de aula e outros espaços de aprendizagem, a partir do uso intensivo de novas tecnologias e de redes sociais cooperativas;
  • Focar na empregabilidade dos egressos, acompanhando seu desempenho no mercado de trabalho e realimentando os currículos com as competências necessárias para o sucesso profissional;
  • Promover a contínua capacitação do corpo docente para adoção das melhores práticas de ensino, baseadas em evidências científicas;
  • Participar ativamente das discussões sobre a evolução dos critérios de avaliação do MEC, a partir do reconhecimento das diferenças regionais entre as IES brasileiras.

Quanto à acessibilidade, houve consenso de que o Poder Público deve continuar investindo para que as IES atendam a um número crescente de estudantes, das mais variadas camadas populacionais, superando as metas previstas no Plano Nacional de Educação. Para isso, foram sugeridas importantes medidas, a saber:

  • Defender a ampliação do financiamento estudantil público (novo Fies) como política social, revisando os critérios de admissibilidade e possibilitando que mais estudantes cheguem à universidade;
  • Manter e ampliar o Programa Universidade para Todos (Prouni), como mecanismo de apoio à inclusão social de alunos de menor renda;
  • Expandir a oferta de EAD no Brasil, com menos restrições regulatórias, levando a educação superior aos locais mais distantes, mas não menos importantes, para o desenvolvimento nacional;
  • Criar novos incentivos tributários para que as IES ofereçam programas próprios de bolsa de estudos para alunos carentes.

Por fim, no que diz respeito à relevância social, os participantes do Congresso entenderam que as IES têm hoje a missão não apenas de possibilitar aos estudantes a obtenção de um diploma, emprego e renda, mas também a capacidade de produção de novos conhecimentos, aplicando-os à realidade social. Sendo assim, as IES devem ser incentivadas a aproximar seus alunos dos desafios da sociedade, e por isso foram propostas as seguintes ações:

  • Desenvolver parcerias com as escolas públicas de ensino médio, em busca da melhoria da qualidade da educação básica, com impacto evidente no aumento do número de estudantes universitários qualificados;
  • Inserir as IES nos arranjos produtivos locais, permitindo a aplicação da produção acadêmica no desenvolvimento socioeconômico regional;
  • Criar formas de reconhecimento e incentivos para o desenvolvimento de projetos de responsabilidade socioambiental pelas IES;
  • Apoiar a expansão dos programas de Mestrado e Doutorado nas universidades particulares, incentivando a maior participação de pesquisadores dessas instituições no processo decisório dos órgãos de fomento à pesquisa, como CAPES e CNPq.

Foram muitas as boas ideias e soluções para os desafios que as instituições educacionais enfrentarão nos próximos anos. Dessa forma, os dirigentes do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, reunidos no encerramento deste auspicioso 10º Congresso da Educação Superior Particular, registraram a sua contribuição ao debate do futuro do nosso setor, convictos de que o potencial de transformar para melhor nosso Pais será fundamental para criar uma realidade digna de cada um e de todos nós brasileiros.

Gramado, 27 de maio de 2017.


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