O setor de educação particular no Brasil é um dos maiores do mundo e esse fato está diretamente relacionado à alta demanda do país por educação. É o que aponta o artigo publicado recentemente na revista International Higher Education, do Center for International Higher Education (Boston/EUA), de autoria do diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Janguiê Diniz, do vice presidente Celso Niskier e da consultora de parceria internacional da ABMES, Lioudmila Batourina.
De acordo com o texto, apesar da necessidade dessa expansão, as IES particulares ainda são vistas, pela maioria das pessoas, como uma fonte exclusiva de negócio com fins lucrativos, e não como parte integrante de um plano nacional de fortalecimento da educação. Essa visão geralmente recai em um foco crítico e polêmico sobre a questão da qualidade do ensino em geral. No Brasil, entretanto, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) revela um alto nível de qualidade de alunos, tanto em instituições públicas quanto nas particulares e as IES particulares, até mesmo por exigência do Plano Nacional de Educação (PNE), passam por rígidas verificações de qualidade.
As IES particulares brasileiras são, em parte, provedoras indispensáveis do PNE, que tem como uma de suas metas a exigência de que até 2024, o Brasil coloque no ensino superior, pelo menos, 33% dos seus jovens de 18 a 24 anos (taxa líquida) e 50% da população (taxa bruta). O crescimento das IES particulares, ainda mais em conjunto com o poder público, poderá ajudar a combater o problema da quantidade insuficiente de vagas, proporcionando a inclusão social no país.
Números demonstram a importância do segmento privado na educação superior
Desde 1996, o setor de educação superior particular no Brasil vem se consolidando a cada ano. Conforme demonstrado nos últimos dados censitários, das 2.364 instituições de ensino superior (IES) no Brasil, 87,5% são particulares. Isso significa 2.069 universidades, centros universitários e faculdades distribuídos em todo o país, proporcionando aos cidadãos brasileiros a possibilidade de conquistar um diploma (graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado) e mudar suas condições de vida, bem como as de suas famílias.
A força do segmento privado é comprovada pelas estatísticas nacionais: hoje, há mais de seis milhões de estudantes matriculados em IES particulares, o que representa algo em torno de 75% de todos os alunos universitários.
O setor privado no Brasil também compreende muitas IES pequenas e médias, bem como grandes instituições. Cerca de 36% dos estudantes estão matriculados nos 12 maiores grupos educacionais. Independentemente do tamanho, todas as IES enfrentam múltiplos desafios: manter padrões de qualidade, atrair os melhores funcionários, permanecer flexível a mudanças, passar por auditorias rígidas para a acreditação, adaptar-se constantemente a numerosas mudanças nos regulamentos, dentre outros.
Entre uma ampla gama de cursos oferecidos por IES particulares, a formação em Direito é tradicionalmente a mais popular na preferência dos alunos, com as maiores taxas de matrículas (14%), seguida da formação em administração (9%), em Engenharia Civil (6 %) e, finalmente, em Medicina, Pedagogia e Gerenciamento de RH. As universidades particulares fornecem ao país trabalhadores qualificados e necessários ao mercado de trabalho brasileiro, alimentando assim, o crescimento econômico.
O artigo também chama atenção para uma controvérsia que é forte no sistema educacional do Brasil: jovens que estudam em escolas secundárias particulares caras ganham a competição pelas poucas vagas no estudo gratuito em universidades federais ou estaduais. Por outro lado, estudantes de escolas públicas, com notas boas, têm que solicitar subsídios para pagar sua educação no setor particular. Basicamente, isso significa que uma IES particular tem ainda mais responsabilidade em criar oportunidades para aumentar o acesso desses alunos, contribuindo, dessa forma, para a expansão da educação superior.
É dentro desse contexto que, entre outras ações que primam pela qualidade da educação superior, a ABMES criou o programa de internacionalização, visando a troca de experiências e a cooperação com associações e universidades de outros países. Além de debater a questão da qualidade, a intenção do Programa ABMES Internacional é a de estabelecer parcerias com IES internacionais, a fim de discutir problemas, identificar soluções comuns, gerar novas ideias, e estabelecer pontes importantes para o desenvolvimento da educação no país.
A publicação do artigo na revista International Higher Education faz parte dessa estratégia de ampliar as fronteiras do debate sobre a relevância da educação superior para o Brasil e para outras nações. Vale registrar que é a primeira vez que a ABMES publicou artigo em um periódico internacional de prestígio, com a missão de contribuir para o avanço do conhecimento na área da educação superior mundial.