Em um mundo mais virtual, a opção pelos cursos a distância se torna cada vez mais real. A dificuldade de locomoção nos grandes centros, a flexibilidade de horário, a falta de tempo dos profissionais e a praticidade de estudar em qualquer local são os fatores apontados para o aumento na procura de MBA e pós-graduação não-presencial.
Um exemplo do sucesso deste tipo de ensino pode ser visto na Estácio. A universidade tem cerca de 80 mil alunos nos cursos de pós-graduação, e 60% deles estão em cursos a distância.
— No último ano, a base de pós-graduação on-line ultrapassou a base presencial, muito provavelmente por conta da mudança de geração — explica Eduardo Senise, diretor nacional da pós-graduação da instituição, citando que a escola tem cerca de 50 cursos EaD nas áreas de Gestão, Direito, Engenharias, Tecnologia, Licenciaturas e Ciências Humanas.
Seguindo esta tendência, a Escola Nacional de Seguros vai oferecer, no segundo semestre, o MBA Gestão de Seguros e Resseguro. A Univeritas também irá estrear no próximo semestre com 15 cursos de pós-graduação na modalidade.
— A educação a distância respeita a individualidade de cada aluno, e suas limitações e peculiaridades pessoais e profissionais, democratizando a educação — acredita Natália dos Santos Teixeira, analista acadêmica de Educação a Distância da Univeritas.
A analista de e-commerce Denise Lemelle, de 26 anos, conseguiu se adaptar bem ao ensino remoto. Desde o segundo semestre do ano passado, ela cursa a pós-graduação de comunicação e marketing em mídias digitais e entra no campus virtual uma vez por semana, normalmente aos sábados à tarde.
— Não tinha tempo para assistir às aulas presencialmente. Todo mundo dizia que era muito difícil e que eu teria que ter muita disciplina, mas eu me adaptei muito bem. Hoje, por conta da flexibilidade, consigo encaixar o tempo de estudo na minha rotina — explica a aluna.
SEM PRECONCEITO NO RECRUTAMENTO
Ao avaliar o currículo do candidato, os recrutadores já deixaram no passado qualquer tipo de resistência a quem opta pelo ensino não-presencial. Para o professor Sérgio Salles, pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da Universidade Católica de Petrópolis (UCP/Ipetec), a ampliação da oferta dos cursos a distância no Brasil demonstra que a aliança entre as novas tecnologias e os mais avançados métodos de ensino-aprendizagem atende cada vez mais às expectativas acadêmicas e profissionais de seus estudantes, o que exigiu a mudança de paradigmas dos recrutadores.
O consultor Gustavo Costa, sócio da Unique Group, consultoria executiva especializada em recursos humanos para média e alta gestão, diz que a dedicação, as experiências e as entregas de resultado do profissional ao longo da carreira é que acabam contando no momento da decisão:
— O fato de o candidato ter optado pelo ensino a distância não faz diferença. O que realmente importa está em três pontos: instituição escolhida para o curso, carga horária e tempo de conclusão — considera.
O coach especialista em Desenvolvimento Humano Alexandre Prado lembra que não cabe mais nenhum tipo de resistência dos RHs já que os cursos se aperfeiçoaram e os recursos de ensino estão permitindo que os alunos tenham experiências de aprendizado mais ricas, mesmo em ambiente virtual.
— O ensino a distância veio para ficar e é adotado inclusive pelas melhores instituições de ensino no mundo, como Harvard, Stanford e Yale. Em que pese ainda haver algum preconceito, que eu prefiro chamar de resistência, em curto prazo isso deixará de existir, pois não haverá mais argumentos substanciais contra este tipo de modalidade — diz ele.
Para suprir uma possível escassez de network presencial, Costa aconselha que o profissional busque participar de outras atividades que possam incrementar este relacionamento interpessoal, como cursos em paralelo, eventos e palestras.
— Com a disponibilidade de tecnologia que permite aos alunos de um curso interagirem virtualmente por videoconferência, WhatsApp e redes sociais, esta barreira na interação foi minimizada — defende Isabella Vasconcellos, coordenadora geral de pós-graduação da Unisuam.
NÃO É PARA QUALQUER UM
As vantagens são muitas, mas não é qualquer aluno que consegue resultados positivos no estudo a distância. É preciso competências como foco, organização, administração do tempo, perseverança, persistência e paciência.
— Na escolha de um curso, presencial ou a distância, o interessado deve prestar muita atenção. Ele pode perceber que, se tem a característica de estudar sozinho tranquilamente e de pesquisar, talvez possa funcionar. Se tem o perfil de aluno que é mais dependente da aula, dos colegas, dos professores, então ela tem que pensar duas vezes se vai escolher o curso a distância — avalia o coach Alexandre Prado.
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