Hoje, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) coloca o Brasil em 79º lugar no ranking geral. Porém, ao considerar a desigualdade social como um dos critérios de avaliação, o País cai 19 posições. A informação consta no Relatório do desenvolvimento humano 2016, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Lançado em 2017, com base em dados coletados em 188 países no ano de 2015, o estudo chama a atenção para o tamanho da disparidade entre ricos e pobres no País.
Os entraves sociais são muitos. Saúde precária, falta de acesso à educação e baixa escolaridade, desigualdade de renda. Fatores que, dentre outros, geram estagnação socioeconômica. Dentro de instituições de Ensino Superior, questões como essas devem ser motivo de preocupação, uma vez que é preciso formar alunos não só para o mercado de trabalho como também aptos ao exercício consciente da cidadania.
A importância da formação cidadã é tamanha que, desde 2004, a Lei n. 10.861, que instituiu o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), destaca, no artigo 3º, inciso III, a responsabilidade social das instituições de nível superior, “considerada especialmente no que se refere à sua contribuição em relação à inclusão social, ao desenvolvimento econômico e social, à defesa do meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural”.
Assim, ações de cunho social devem ser incentivadas pelas instituições, a fim de engajar educadores, colaboradores e estudantes a assumirem a responsabilidade de criar projetos que contribuam para o desenvolvimento sustentável, gerando uma sociedade mais igualitária e participativa. Mas faculdades, centros universitários e universidades são mesmo um local propício para ações de responsabilidade social? Para o diretor-executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Sólon Caldas, essas instituições são um ambiente não só propício como também ideal para a realização de projetos voltados à temática. “As IES têm um importante papel social na formação acadêmica mais ampla e também no poder de mobilização e transformação que está nas mãos dos jovens, um público muito presente nessas instituições”, afirma.
Muitas instituições de ensino já se mobilizam para elaborar projetos voltados às necessidades da comunidade. De forma voluntária e gratuita, professores, funcionários e estudantes desenvolvem atividades educativas e de orientação profissional, jurídica e financeira, atendimentos de saúde, conscientização quanto ao respeito à diversidade, incentivo ao plantio e ao cuidado com os animais. Uma ótima oportunidade para os estudantes colocarem em prática aquilo que estão aprendendo em sala. “Com essas ações, todos ganham sempre. Especialmente para alunos e funcionários, essas atividades promovem o desenvolvimento da cidadania e da consciência participativa, além do sentimento de solidariedade e contribuição social, valores que devem ser nutridos por todos”, afirma Caldas.
INCENTIVO À RESPONSABILIDADE SOCIAL
Como forma de mobilizar e sensibilizar as IES para discutir internamente sobre responsabilidade social e sugerir ações efetivas, a ABMES realiza, anualmente, a Campanha da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular. Além de dar visibilidade às IES e aos seus programas e projetos, “a iniciativa tem o intuito de estabelecer uma ponte entre o setor acadêmico e a sociedade, trazendo benefícios para a comunidade e proporcionando aos estudantes um momento de conscientização”, explica o diretor-executivo da ABMES.
Na Campanha, as instituições de ensino são convidadas a realizar trabalhos de cunho social ao longo de todo o ano. O ponto alto da iniciativa, então, acontece durante a Semana da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular, momento em que as IES organizam uma mostra de seus projetos sociais em seus espaços e/ou em locais escolhidos por elas. As atividades envolvem áreas como educação, saúde, cultura, meio ambiente, dentre outras.
Pode participar da Campanha toda instituição de Ensino Superior, sendo ela associada ou não à ABMES, inclusive as públicas. As organizações que não são de nível superior precisam realizar sua atividade social junto a alguma IES, caso queiram se inscrever. O cadastro é feito pela internet. Os dados inseridos no sistema ficam disponíveis para visualização no site, sendo possível a todos o acesso a informações sobre a IES, as atividades que serão realizadas durante o evento, fotos, depoimentos, entre outros.
CONCURSO SILVIO TENDLER DE VÍDEOS SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Um dos desdobramentos da Campanha é o Concurso Silvio Tendler de Vídeos sobre Responsabilidade Social. Nele, as IES concorrem a R$ 10 mil em prêmios, distribuídos em quatro categorias: institucional, cobertura jornalística, videoclipe e documentário. “Há dez anos esse concurso integra o calendário acadêmico de IES públicas e particulares de todo o Brasil, incentivando-as a registrar e divulgar suas ações”, diz Caldas. As inscrições para o Concurso abrem logo após o término da Semana da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular.
SELO INSTITUIÇÃO SOCIALMENTE RESPONSÁVEL
Após a Semana da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular, todas as instituições também recebem da ABMES o Selo Instituição Socialmente Responsável, que tem validade de um ano, acompanhando o ciclo da Campanha. A certificação é renovada com a participação da IES nas edições seguintes.
A FORÇA DO ENSINO SUPERIOR
A primeira edição da Campanha da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular aconteceu no dia 29 de outubro de 2005. De lá para cá, foram realizados 12.785.441 atendimentos à população, por meio de 72.244 atividades. Estiveram envolvidos 216.484 mil professores, 2.764 milhões de alunos e cerca de 160 mil técnicos. Em 2016, 833 IES se inscreveram na Campanha. Agora, em 2017, a ABMES espera bater esse recorde. “Esses números vêm crescendo a cada ano, mostrando a força da Educação Superior particular. Dentro desse escopo, cresce ainda mais a responsabilidade dessas instituições no desenvolvimento de ações concretas que incluam a sociedade, a fim de dirimir diferenças sociais e promover a expansão da educação”, afirma o diretor- executivo da ABMES, enfatizando que o trabalho por uma sociedade melhor é responsabilidade de todos. “Quando se busca essa meta em grupo, os resultados são ainda melhores. Isso não seria diferente para as milhares de IES particulares”, finaliza.